Sábado, 31 de Outubro de 2009

 

Há uma pergunta que devíamos fazer regularmente em relação a decisões tomadas na política internacional: caso não se decida de certa forma, qual a alternativa? Por exemplo, se tudo falhar no Afeganistão, quem ocupará aí o vazio de segurança? Não entrando em vigor o Tratado de Lisboa, que hipóteses de adesão terão os países dos futuros alargamentos? Ou, ainda, que credibilidade teriam os europeus na cimeira de Copenhaga caso não chegassem a um denominador comum durante este Conselho Europeu? Ou seja, as decisões podem não ter a celeridade que gostaríamos, o alcance que ambicionámos, mas a sua definição encerra um preenchimento político indispensável.
 
Neste Conselho Europeu, foi isso que aconteceu: traçou-se um esquema de prioridades que começou, não na repartição de lugares, mas no entrave ao fim do processo de ratificação do novo Tratado. Ultrapassado este obstáculo, era importante emitir um sinal para o exterior, capaz de influenciar os estados que têm uma palavra a dizer no combate às alterações climáticas. Por fim, adiar a nomeação dos altos cargos revelou um interessante salto em frente no debate europeu: dar primazia ao essencial, deixar para depois o que apenas desperta a atenção mediática. Talvez por finalmente terem percebido que o mundo fora da União não perde um segundo com estas reuniões ou com o Tratado de Lisboa, ou fique paralisado à espera do Sr. Blair. A verdade é esta. E como toda a verdade, leva tempo a digerir.
 
Hoje no i.


publicado por Bernardo Pires de Lima às 16:43 | link do post

 

Staring at the sea (1986)

The Cure



publicado por Bernardo Pires de Lima às 15:35 | link do post

Sexta-feira, 30 de Outubro de 2009

Em Bruxelas, as nacionalidades voltaram a marcar presença no debate europeu. Austríacos, eslovacos e húngaros aproveitaram a intransigência do presidente checo, Vaclav Klaus, para garantir opting outs sobre a Carta dos Direitos Fundamentais - à semelhança do que já havia conseguido a Grã-Bretanha -, incorporados no futuro acordo de adesão da Croácia. Confuso? Pois é. Para quem pensa que a defesa dos interesses nacionais se ausentou da política europeia, vale a pena acompanhar todo o caminho negocial em redor do Tratado de Lisboa. De qualquer forma, a flexibilidade dos restantes estados em relação a Praga não se repetirá para Budapeste, Bratislava e Viena. Nestas matérias, quem tem unhas tocou guitarra, e em boa verdade foi o que Klaus acabou por fazer.

Esta questão, que acaba por marcar o primeiro dia de trabalhos - crucial para a entrada em vigor do tratado e para o fim de uma era de debate institucional - poderá adiar por mais uns dias a luta pelos lugares de topo. O tema vai merecer certamente um Conselho Europeu extraordinário em meados de Novembro, de forma a não sobrepor a questão ao debate sobre alterações climáticas, que marcará o mês de Dezembro. E é sobre este segundo dossiê que o dia de ontem ainda se debruçou: um texto conjunto que preveja a repartição de custos entre europeus e faça maior pressão sobre as grandes economias mundiais, como os Estados Unidos, a China e a Índia. A política continua para além de Bruxelas.

Hoje no i.



publicado por Bernardo Pires de Lima às 15:58 | link do post

Quinta-feira, 29 de Outubro de 2009

Gosto de pessoas imperfeitas. Países imperfeitos. Jornais imperfeitos. Restaurantes imperfeitos. Músicos imperfeitos. Políticos imperfeitos. E de Tratados imperfeitos, também.



publicado por Bernardo Pires de Lima às 22:05 | link do post

Marcelo disse nos Gato Fedorento que não era candidato a líder do PSD. Será que depois do apelo de Paulo Rangel vai ao TV Rural dizer o contrário?



publicado por Pedro Marques Lopes às 17:59 | link do post | comentar

 

No Tratado de Lisboa há uma zona cinzenta, que apenas será colorida pelas personalidades políticas que protagonizarem o exercício dos cargos. Um peso político como Blair, sem consenso alargado à sua volta, estaria não só enfraquecido desde início como o obrigaria a um protagonismo acrescido para repor essa desconfiança. A Durão Barroso nada disto interessa: nem um presidente do Conselho fragilizado, nem um galo a cantar a toda a hora. Se a opção em cima da mesa, apoiada por Portugal, aponta para uma personalidade do PPE, então Junker – o primeiro-ministro há mais tempo em funções em toda a União – é um nome capaz de gerir as sensibilidades nacionais presentes no Conselho.
 
Uma vez atribuída a pasta ao PPE, atribuir-se-á ao PSE o Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança. Esta divisão entre as duas maiores famílias políticas europeias tem alguma sensatez. Portugal apoia-a e com isso defende a posição de Barroso. Sendo este Alto Representante seu vice-presidente e apoiado pelo PSE, será alguém capaz de fazer a ponte entre a Comissão e o Parlamento Europeu. E aqui há dois nomes em aberto: Steinmeier, ex-ministro dos Estrangeiros de Angela Merkel e David Miliband, actual titular da mesma pasta no governo de Gordon Brown. Para o atlantismo de Barroso, Miliband inspira maior confiança. Para os “interesses europeus” será a forma mais hábil de “descontinentalizar” a posição externa de um continente em clara perda de relevância global.
 
Hoje no i.
 
 


publicado por Bernardo Pires de Lima às 15:43 | link do post

Quarta-feira, 28 de Outubro de 2009

Para o ano vamos comemorar os 100 anos da República ou a primeira república? Ainda não estou esclarecido.



publicado por Bernardo Pires de Lima às 23:01 | link do post

Hoje ao almoço, amigo de longa data dava-me conta da partidarização total dos gestores na área da saúde. E só me falou da região do grande Porto, imagino no resto. Deve ser por isso que o serviço nacional de saúde tem um pai sempre tão presente.



publicado por Bernardo Pires de Lima às 22:54 | link do post

Tenho a ligeira impressão que a formação deste governo premeia carreiras partidárias para que, caso termine antes do tempo, todos possam dizer que foram ex-qualquer coisa. Em Portugal, este é um estatuto de grande prestígio, não se iludam.



publicado por Bernardo Pires de Lima às 22:51 | link do post

Ter o Marcos Perestrello a secretário de estado da defesa e assuntos do mar (que belo título) merece-me este profundo comentário: bah, ah, ah, ah,ah!



publicado por Bernardo Pires de Lima às 22:48 | link do post

“Só com um governo de maioria é possível manter um clima de cooperação entre os órgãos de soberania. Não quero que Portugal volte aos tempos dos permanentes conflitos institucionais entre Governo e Presidente da República.”

 

Mensagem à população no final da campanha das eleições legislativas de Outubro de 1991

 

“Só os políticos inconscientes podiam ter saudades dos governos minoritários”

 

Pág. 161 do 2º volume da Autobiografia Política de Cavaco Silva

 

“A ausência de um apoio maioritário no Parlamento não é, por si só, um elemento perturbador da governabilidade.”

 

Discurso do Presidente da República na Tomada de Posse do XVIII Governo Constitucional



publicado por Pedro Marques Lopes às 16:08 | link do post | comentar

Segunda-feira, 26 de Outubro de 2009

Meu caro VPV, esqueça a história, o liberalismo e a democracia. Klaus ainda não ratificou o Tratado de Lisboa por duas razões: para aumentar o seu poder político e por vinganças pessoais.
 

João Marques de Almeida, DE



publicado por Bernardo Pires de Lima às 21:28 | link do post



publicado por Pedro Marques Lopes às 18:06 | link do post | comentar

 

Quando todos os olhares se concentram no Afeganistão e no Paquistão, o Iraque voltou a dar prova de existência para a insegurança internacional. Este foi o maior ataque terrorista desde que os EUA transferiram a responsabilidade de segurança para as autoridades locais – e o segundo em moldes semelhantes em apenas dois meses: carros-bomba sincronizados, desta vez na Zona Verde, junto ao ministério da Justiça. A primeira ideia é que os métodos suicidas não se evaporaram do Iraque, mesmo que mais estável do que há quatro anos atrás. Os primeiros indícios apontam para ramificações talibãs, grupos patrocinados por desestabilizadores regionais, como a Síria. Tudo revelador da fragilidade da segurança iraquiana.
 
Uma outra linha de análise prende-se com o timing dos ataques e com os alvos. Por um lado, entrámos numa fase decisiva de combate aos talibãs e al-Qaeda no Paquistão e Afeganistão, o que pressiona a administração Obama e a sua cadeia de comando militar face a dois cenários de guerra estratégicos e simultâneos. Por outro lado, este foi um ataque deliberado às instituições do Estado iraquiano. Para quem ainda não percebeu – ou não quer perceber – o projecto de terrorismo que deu à estampa a 11 de Setembro é profundamente ideológico, envia sinais políticos claros à escala global e alicerça uma teia de organizações que opera com liberdade de movimentos. Bagdade foi apenas mais um aviso, mas outros se seguirão. Bem-vindos ao mundo cruel.
 
Hoje no i.


publicado por Bernardo Pires de Lima às 17:24 | link do post

Este brutal acidente de comboio no Egipto fez-me recordar uma viagem que fiz no passado Dezembro por aquelas bandas. Doze horas de comboio saíndo do Cairo com destino ao sul e dezoito de autocarro, passando pelo Suez, percorrendo todo o Sinai até chegar à divisória com Israel, mostraram-me como pode a fronteira entre o sentimento de segurança e o desastre total ser tão ténue. Dizem-me, quem já andou de comboio pela Índia, que nada bate aquilo, mas presenciar uma partida de comboio regional saído do Cairo é inesquecível: o "bicho" vai literalmente forrado a gente. Por dentro e por fora. 



publicado por Bernardo Pires de Lima às 09:44 | link do post

Domingo, 25 de Outubro de 2009

Enquanto o Estado tiver o peso que realmente tem na actividade económica, enquanto existirem municípios em que uma palavra dum Presidente da Câmara é a diferença entre alguém enriquecer ou não, enquanto a fiscalização às finanças dos partidos for aquilo que de facto é – ou seja ineficiente –, propor que o financiamento aos partidos seja apenas feito por privados é um erro crasso.

É como querer construir uma casa começando pelo telhado

 



publicado por Pedro Marques Lopes às 23:18 | link do post | comentar

 

 

 

A voz é da Margarida Pinto.



publicado por Bernardo Pires de Lima às 12:15 | link do post

Sábado, 24 de Outubro de 2009

Above (1995)

Mad Season



publicado por Bernardo Pires de Lima às 13:30 | link do post

Sexta-feira, 23 de Outubro de 2009

Agora sim, a Defesa. Bah, ah, ah, ah, ah!!!!



publicado por Bernardo Pires de Lima às 18:22 | link do post

Na impossibilidade de comentar a pasta da Defesa sem me partir a rir, vou voltar à carga. Contratar três Vidigais em Dezembro e dois Rogérios para cada lateral defensiva. Pedir um empréstimo à banca apenas e só para subornar árbitros. Ganhar todos os jogos por um zero. Ser campeão. Festejar durante três dias. Fechar por tempo indeterminado.



publicado por Bernardo Pires de Lima às 18:14 | link do post

Há duas formas de ver isto: ou se aceita o que o Benfica tem feito (bater em mortos sem dó nem piedade) e se tenta tudo para que não ganhem o campeonato (a única competição que interessa), ou se perde tempo a discutir o futebol do Sporting. Eu, enquanto doente leonino, não me interessa nem nunca me interessou a qualidade do futebol do Sporting. Só me interessou e interessa ganhar. Repito: ganhar. Não sendo possível isto, só me interessa e continua a interessar uma coisa: que o Benfica não ganhe. É tão simples como isto.



publicado por Bernardo Pires de Lima às 18:09 | link do post

"Elas estão mais poderosas mas mais infelizes"...

é preciso ser muito cretino



publicado por Pedro Marques Lopes às 15:32 | link do post | comentar

Esta noite aprendi que uns exercem o seu direito de opinião crítica e outros não pensam pela sua cabeça e apenas fazem parte de uma conspiração que mete financiamentos esquisitos, tipos contratados para dizer mal, revistas da IURD e as maiores patifarias que se possam imaginar.

 

 



publicado por Pedro Marques Lopes às 01:27 | link do post | comentar

Quinta-feira, 22 de Outubro de 2009

Mas porque diabo não compramos o Ruben Micael? Será por causa do nome?



publicado por Pedro Marques Lopes às 18:43 | link do post | comentar

 

O estado da arte é conhecido: o Paquistão tem armas nucleares, uma disputa histórica com a potência regional (Índia) e alberga um conjunto alargado de grupos terroristas sem qualquer controlo e que operam no Afeganistão à vontade, atacam no Irão com regularidade e recrutam nos vizinhos Uzbequistão e Tajiquistão. Sejamos claros de uma vez por todas: o Paquistão é a prioridade da estratégia da NATO, em particular da Administração Obama. Sem assumir isto, é difícil inverter a crescente descrença da opinião pública norte-americana sobre os benefícios da frente afegã, oito anos após o 11 de Setembro. Não é possível continuar a investir 1 dólar no Paquistão por cada 20 no Afeganistão.
 
Em seguida, seria razoável encontrar um meio-termo entre as exigências das chefias militares – como o recente apelo do general McChrystal ao envio de mais 40 mil tropas para o terreno – e a retirada pura e simples proposta pela “rua” norte-americana. Assim, é imprescindível acelerar o treino de tropas e polícias afegãos para colmatar a falta de 250 mil homens, investir nas economias locais tirando a opção de vida terrorista aos mais novos, apoiar o exército paquistanês nas zonas fronteiriças, regionalizar a solução, chamando a Rússia, a índia e o Irão a preencher vazios que a generalidade dos europeus já não está disposta a assumir. Calendarizar todos estes passos é aquilo que Obama tem de ser capaz, caso contrário cai o argumento da “guerra necessária”. Porque também as há. 
 
Hoje, no i.


publicado por Bernardo Pires de Lima às 18:05 | link do post

Um tipo chega a uma certa idade e deixa de ter paciência para a democracia, não é? Isso do debate e tal, a troca de opiniões, a sujeição ao voto. Muito complicado. É coisa para quem gosta de boxe. Mais vale simplificar: eu mando e de quando em vez, para insinuar algum ecumenismo, faço umas perguntinhas (retóricas) a uns personagens iluminados (não tanto como eu, claro). Pode ser? Não? Que chatice.



publicado por Pedro Marques Lopes às 15:08 | link do post | comentar

Quarta-feira, 21 de Outubro de 2009

Eu e o Pedro Adão e Silva na TSF



publicado por Pedro Marques Lopes às 16:09 | link do post | comentar

Segundo o Pedro Picoito, tenho queda para responder com indirectas. É a opinião dele. Nada a fazer. Como ele refere, até coloquei um link para o artigo. Para indirecta, estamos conversados.

Fiquei com umas duvidazitas ao ler o texto do Pedro Picoito: isso de defender uma coisa “em sede própria” e outra, completamente diferente, em público é normal? Os valores, as ideias e os programas são uns em privado e outros publicamente?   

Devo ter lido mal. Pensava que estas coisas eram próprias de outros quadrantes ideológicos mas, vivendo e aprendendo.



publicado por Pedro Marques Lopes às 12:50 | link do post | comentar

Terça-feira, 20 de Outubro de 2009

“E o PSD não apresentou um projecto para o país que o diferenciasse claramente do PS”

 

Ai foi? E só agora é que descobriram?



publicado por Pedro Marques Lopes às 16:57 | link do post | comentar

Sobre a Irmandade Muçulmana no Egipto e na Síria, na cada vez melhor Majalla Magazine.



publicado por Bernardo Pires de Lima às 15:33 | link do post

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