...a abertura do ano judicial já serve pré-candidaturas presidenciais.
Finalmente um grande estado. A Florida é o quarto mais populoso dos EUA, e nas últimas primárias republicanas votaram dois milhões de pessoas. Vale cinquenta delegados à convenção do partido (agosto) e quem hoje ganhar conquista todos estes grandes eleitores. Ao ser uma eleição fechada a militantes republicanos, vamos ter uma ideia do estado em que está a máquina partidária e o entusiasmo dos eleitores com os candidatos. Na Florida a grande questão é esta: momentum e entusiasmo valem ou não mais do que organização?
Hoje no Diário de Notícias
Maria Manuel Teixeira da Cruz é arquitecta, tem 48 anos, é competente e trabalhou durante dez anos na Parque Expo'98 SA. Foi nomeada pela ministra da Agricultura e Ambiente, Assunção Cristas, subdirectora-geral do ordenamento do território e desenvolvimento urbano. Mas porque é irmã da actual ministra da Justiça há quem suspeite da nomeação. Confesso que fico boquiaberto com o miserabilismo reinante. Subscreveria qualquer crítica caso (i) a arquitecta em causa não tivesse um currículo à altura das novas funções, (ii) fosse suspeita de um crime grave cometido no exercício de funções (iii) revelasse uma total discordância com a política do Governo.
À decima quarta cimeira em dois anos eles falam de emprego. Viva o lucho. Isto sim, é um Lucho. Estamos entendidos? L-u-c-h-o.
Diz que há para aí umas confusões entre o PR e o Governo e que os alemães querem pôr um vice-rei na Grécia. O que é que isso interessa se o filho pródigo pode estar de volta.
A guerra entre Governo e Presidente que inundou os jornais de fim-de-semana levantou-me uma única dúvida. Ao dizer aos cavaquistas anónimos "Desamparem a loja..." do Presidente, Marcelo referia-se à Regular ou à Irregular?
...como ex-secretário de Estado, ex-Ministro, ex-vice presidente de várias comissões parlamentares, figura proeminente da política portuguesa, condecorado com honras várias por nove paises (Brasil, Alemanha, Grécia, Espanha, Bélgica, venezuela, México, Marrocos e França) não sabia que as contas bancárias dos políticos são para declarar? Ok. Eu faço o mesmo, minto, e digo que acredito.
Nuno Costa Santos sobre Fernando Assis Pacheco. 4ª feira, dia 2, 18h no Nimas. Imperdível. Lançamento do livro (ed. Tinta-da-china, quem mais?) com documentário sobre Assis Pacheco. Também escrito pelo Nuno. Como podem ver, o homem tem jeito para tudo. Para mim, é um dos grandes nomes das letras, das palavras, dos aforismos, da criatividade e do humor em Portugal. Ele merece todo o destaque.
Subscrevo na integra o que disse o líder do PS. Desavenças nesta altura? Por amor de Deus...
Não gosto de regressos de jogadores, mas o Lucho... jogadores com muitos campeonatos ganhos, belíssimas carreiras nas principais provas internacionais, muito dinheiro ganho, têm normalmente falta de ambição, querem acabar a carreira sossegados, eh pá mas o Lucho...
O Lucho é um jogador de futebol extraordinário. É sem ponta de exagero um dos melhores centro-campistas de todos os tempos. A prova de que há muito ceguinho no futebol é ele não ter actuado nas quatro ou cinco equipas europeias mais fortes que o grande FC Porto. Não é caso único, nem sequer raro, mas este rapaz não ter chegado ao panteão é a demonstração prática de que isto de chegar a um determinado patamar não tem apenas a ver com a capacidade de jogar à bola. Comparar, por exemplo, o Beckam com o Lucho é como comparar merda com chocolate. Chega até a ser ofensivo para o sr. Gonzalez.
Até dia 31 as minhas rezas estão viradas para o regresso do filho pródigo. Nada mais importa. Que se lixe ter de pagar ao fisco metade do que não ganhei. Estou disposto a dizer bem do Seguro, do Passos e até do Cavaco. É o que for preciso.
Eh pá, o Lucho... o Lucho das costas direitas, pezinhos de lã e bússola na carola. O Lucho que inspirou o Camões, o gajo capaz de gelar um jogo que esteja a correr mal ou em duas penadas tirar um meio-campo da morrinha. O Lucho dos golos do outro mundo. Eh pá, o Lucho é que era.
A Standard & Poor's entrou nas eleições francesas sem apelo nem agravo ao mirrar o sagrado triplo A. Sarkozy andava à espera que a bomba lhe explodisse a qualquer dia e também por isso mostrava tanta sintonia com Merkel em público. Mas como alguém me disse em tempos, o facto de Paris e Berlim terem expeditamente retirado Londres do centro das decisões só mostra que o epicentro da crise está em França. E para a resolver, nem Sarkozy, nem Hollande e muito menos Marine Le Pen parecem ter soluções à altura.
Hoje no Diário de Notícias
Enquanto assistia "ao nosso grande amor" recebi o convite do "és a nossa fé". Cantava "uma curva belíssima" quando respondi ao convite e ouvia o Figo, que fala antes da entrada em palco do Paulinho, quando mais uma vez me apercebi da grandeza dos saltos do Damas, das passadas do Carlos Lopes, dos golos do Yazalde e da magia dos jovens que o Aurélio descobriu. Vão ver o musical ao Tivoli. Bom trabalho da Matilde Trocado que já fez o Wojtyla. (também publicado no és a nossa fé)
A semana termina como começou: com pressão alta, muito alta, sobre Portugal e a sua capacidade financeira. A dúvida é saber se somos ou não um Estado solvente. E, a verdade, é que (ainda) não somos. Os parêntesis e o "ainda" servem para destacar uma expectativa, a minha expectativa. Espero que venhamos a ser, mas ainda não o somos. Uma coisa eu sei sem pestanejar um milésimo de segundo: ao contrário do que acontecia, agora enfrentamos a realidade com verdade. Dos últimos sete dias registo uma ideia do PM que gostei de ouvir: não estamos imunes de ir ao charco, mas no que depende de nós tudo faremos para o evitar. Mais vale uma verdade dura, do uma mentira suave.
Parece que no Reino Unido também há uma justiça para ricos, pobres, com expedientes dilatórios, demorados, alguns absurdos, direitos dos arguidos e outras coisas chatas que as democracias têm... E não é por isso que resolvem rebentar com direitos basilares. Preferem a imperfeição democrática, à perfeição justiceira.
Eu sou benfiquista, não gosto da personagem em questão, tenho pena que a justiça portuguesa o tenha deixado fugir e que a inglesa não o mande de volta, mas, mesmo assim, prefiro viver nestes regimes imperfeitos.
A Senhora Ministra da Justiça diz que há uma justiça para ricos e outra para pobres, mas que as medidas que está a adoptar visam acabar com isso, como é o caso da criminalização do enriquecimento ilícito.
Confesso que esta não percebi. O que é que uma coisa tem a ver com a outra? Será que é porque enriquecimento vem de rico? Ou porque os ricos têm dinheiro para pagar aos melhores advogados e portanto é melhor inverter-lhes o ónus da prova para ser mais difícil safarem-se?
Eu diria que uma justiça mais igualitária se alcança com a garantia do acesso ao direito e à justiça em termos condignos para todos, conforme prevê o artigo 20.º da Constituição da República Portuguesa. Por exemplo, na perspectiva dos pobres, com custas judiciais suportáveis e com um regime de apoio judiciário efectivo. Na perspectiva dos ricos (os tais poderosos malandros), por exemplo, com o fim da impunidade das condenações apriorísticas na fogueira da praça pública, sem direito a defesa ou contraditório. Na perspectiva de todos, com uma justiça célere e, acima de tudo (nomeadamente de todos os impulsos populistas), preservadora dos princípios fundamentais de qualquer Estado de Direito.
Mas devo estar enganado! Pelos vistos, para a Senhora Ministra o mais importante é a opção por uma pobreza de discurso assente na muito popularucha conversa do rico e do pobre.
Até porque, se alguma coisa as última décadas provaram, foi que o isolamento diplomático não conseguiu travar o programa nuclear. Em ano eleitoral nos EUA e "com todas as opções sobre a mesa", a negociação direta deve constar do topo do cardápio.
Hoje no Diário de Notícias
Armando Vara e Nuno Fernandes Thomaz passaram pela política e foram nomeados para a administração da CGD. O primeiro pelo Governo PS, o segundo pelo Governo PSD/CDS. Perante a súbita falta de memória deste senhor vamos lá comparar currículos no momento em que entraram na CGD:
Armando Vara
Licenciado em Relações Internacionais pela Universidade Independente
Pós-graduado em gestão empresarial pelo ISCTE
Ministro da Juventude e Desporto e Adjunto
Secretário de Estado
Candidato à Câmara da Amadora
Deputado nas IV, V, VI, VII legislaturas
Funcionário de balcão na dependência de Mogadouro da CGD
Nuno Fernandes Thomaz
Licenciado em Administração e Gestão de Empresas pelo Instituto Superior de Gestão
Pós-Graduação na Harvard Business School
CEO do ASK
CEO da Orey Financial
Fundador e director coordenador do Banif Investment Bank
Vice-presidente da Banif Ascor
Director do Banco de Negócios da Argentaria
Director de vendas e negociação da Carnegie Portugal
Sales/Trader da BCI Valores (Grupo Santander)
Secretário de Estado dos Assuntos do Mar
O Iordanov fala melhor português que o Eusébio.
O Presidente recebe caridade, a oposição agarra-se à falta de liberdade de expressão, descobre-se uma praticante da pan-sexualidade obscena e o Jardim diz que agora é que vai poupar.
Acho inqualificável trazer o que a Raquel escreveu num jornal sobre um assunto que nada tem a ver com a questão que andamos a discutir tentando fazer juízos de valor sobre a pessoa. Pensava que nos espaços de opinião se podiam dar opiniões políticas.Por aqui me fico. Não estou propriamente bem disposto.
RTP. Sou dos que não percebe porque tem o Estado de ter meios de comunicação social. Por mim, todos vendidos, o mercado regulado e é assinado um contrato de prestação de serviço público com aposta clara na diáspora, na produção nacional e etc.. Acho que a posição do Governo peca por escassa.
Opinião. Pedro, não somos ingénuos e ambos sabemos que no dia em que o comentador da casa não fizer outra coisa além de atacar o patrão será, pura e simplesmente, despedido. E acho muito bem: no dia em que Público fizer do engenheiro Belmiro o seu alvo...[nem se justifica terminar o raciocínio].
Política. Ambos sabemos que o não caso da RDP tresanda a politiquice. Tresanda. Ouve a cineasta Raquel Freire e está lá tudo: a luta de classes, o provo oprimido, o Governo da 'troika', a emigração forçada e os danados do grande capital. Só não vê quem não quer.
Delito de opinião. Continuo a não acreditar que o Pedro Rosa Mendes foi despedido por ter criticado na rádio do Estado, um programa da televisão do Estado. Isto ainda não é a Venezuela! Ele diz que alguém da RDP lhe disse que uma terceira pessoa (a administração) tinha corrido com ele e mais quatro comentadores porque ele, Pedro Rosa Mendes, tinha criticado um programa de televisão. Vamos lá esclarecer. É o mínimo: ele, PRM, tem a obrigação moral e legal de apresentar queixa e denunciar quem lhe disse o quê. Essa pessoa tem a obrigação moral e legal de dizer quem da administração disse o quê. Pratos limpos.
Francisco, por, com certeza, lapso de memória esqueceste-te de duas coisas.
Primeiro, não é a mesma coisa ser dono duma empresa privada e gerir uma empresa pública. Uma empresa privada é dos donos, uma empresa pública não é do Governo e muito menos propriedade de quem conjunturalmente tem um dado pelouro. Mais a mais, como bem sabes, os órgãos de comunicação social têm um estatuto especial, independência editorial e tudo o mais que também conheces perfeitamente. Mas como não andamos propriamente a dormir sabemos que nas empresas privadas, digamos, outros valores se levantam...
No sector público a coisa muda de figura. A lei prescreve de forma clara a sua independência e atribui-lhe grande importância (não vamos discutir se está certo ou errado). Ora, sabendo que o Governo não é dono da RDP ou da RTP e que deve zelar por essa independência não entendo o que queres dizer com não se poder dizer mal do dono. Será que defendes que nos espaços de opinião de órgãos de comunicação do Estado não se pode dar uma opinião livre? Ou que seja livre desde que não se diga mal do governo?
Segundo, I got news for you: nem a RTP nem a RDP vão ser privatizadas. A RTP vai apenas vender um canal e a RDP nem isso. Será que defendes que estas estações devem ser uma espécie de porta voz dos governos? Estou certo que não.
Bem sei, a realidade tem sido essa. De facto, todos os Governos, uns mais outros menos, têm tratado os órgãos de comunicação social do Estado, e não só, como se fossem donos deles. Mas a questão é se estamos dispostos a aceitar isso, se passamos a achar normal que alguém seja despedido duma rádio ou televisão pública por delito de opinião.
Quanto aos privados, deixa-me dar-te a minha opinião e a minha experiência pessoal. Nunca me senti constrangido, nem pressionado. Já disse coisas desagradáveis sobre as empresas que me pagam e nunca me disseram nada, mas aceitaria que me dispensassem se achassem que eu ia contra o que elas pensam ser os seus interesses. Faz parte do jogo. Quem não quer ser lobo não lhe veste a pele, e quem vende a sua opinião a uma empresa que se guia pelo critério do lucro está sujeito a isso. Por outro lado, ou valemos pelo que dizemos ou escrevemos, ou nunca passaremos de fantoches, bonecos que as pessoas já sabem o que vão dizer. Mas isso já é outra história.
Raquel Freire, cineasta, uma "pan-sexual" das "obscenas" diz que foi censurada na RDP. Para os mais distraídos aqui fica um pensamento profundo com que brindou os leitores do "Sol", a 28 de Março de 2009: "O sexo na Alemanha comunista durava mais tempo e era melhor. As mulheres, como adoptavam as doutrinas feministas, achavam que também tinham que ter orgasmos, que não eram só os homens. Já as mulheres da Alemanha Ocidental faziam um bocado o papel de bonecas insufláveis, como as nossas mães e as nossas avós. Na Alemanha comunista usavam-se métodos contraceptivos e estava muito mais presente a ideia do sexo pelo prazer e não apenas com o objectivo da reprodução". O comunismo combate a ejaculação precoce? "Provavelmente, mesmo que os homens ejaculassem depressa eram obrigados a continuar a relação e a dar prazer às mulheres". Eu tinha a mesma dúvida da Raquel: "Para que serve uma rádio pública e um serviço público?". Mas já tenho resposta: para nos animar. Aquela coisa da flash mob e das pensões do Cavaco já está a perder gás...