O Dr Mário Soares, além de todas as suas inquestionáveis qualidades, é também uma espécie de guardião da moral e dos bons costumes.
Os mais velhos recordam-se de um célebre comício em Braga onde, na companhia da legítima família e com a bênção da sempre elogiada Igreja Católica, questionou a moralidade de Francisco Sá Carneiro.
Dentro da sua coerente linha, resolveu agora arengar contra o Primeiro-Ministro italiano chamando-lhe, nem mais nem menos, moralmente desaforado.
Pena é que a moral do antigo Primeiro-Ministro e Presidente da República português sirva só para questões da mais estrita vida privada relacionadas com sexo e festas mais ou menos libertinas.
A difamação nada deve ter a ver com os seus rigorosos padrões morais. Para os mais desmemoriados convém lembrar que a segunda campanha negra feita em Portugal foi durante a campanha de Soares/Freitas.
Corrupção, nepotismo e atentados à liberdade também não são casos que, pelos vistos, encaixem na concepção de moralidade do Dr Soares.
Giulio Andreotti e Hugo Chávez são, sem sombra de dúvida, respeitabilíssimos cidadãos. O fundamental é que não andem com umas raparigas jeitosas nem consumam drogas ilegais.