Penamacor, Penamacor, so much to answer for
Elogiar amigos não é algo que contribua para a credibilidade pública dum cidadão. A amizade, como o amor, tem o defeito ou a qualidade de nos alterar a capacidade de julgamento. Na esmagadora maioria das vezes o facto da nossa visão estar condicionada pela amizade é uma gigantesca sorte. A amizade é um valor tão forte e faz-nos tão bem que vale bem a perda de alguma racionalidade. Por outro lado, há poucos assuntos que valham o esforço supremo da frieza sentimental. Mas não era sobre isto que estava para aqui a pensar com os meus botões e com a música da Meneses da Radar.
Li o artigo do Bernardo e lembrei-me doutro do Pedro Adão e Silva em que ele apelava a uma espécie de coligação de homens de boa vontade que nos ajudasse a sair deste gigantesco buraco de miséria em que estamos metidos. Miséria material e moral, digo eu. Não falta quem berre aos quatro ventos que falta gente de valor. E de valores, volto a dizer eu. Mas eu digo que há e, graças aos deuses e a essa agora amaldiçoada democracia portuguesa que os educou, não são poucos os homens de valor e valores. E estão em todo o lado: nas universidades, nas empresas, no Estado e em mais umas dezenas de eteceteras.
Agora era a parte em que escreveria que o Bernardo era desta ou daquela área política, e o Pedro era doutra, ou que o Felizberto e o Sebastião não militavam no mesmo partido. Mas já não tenho paciência nem viço para essa conversa de circunstância, nem para explicar que os homens inteligentes e sérios (sérios, sérios, sérios) não se metem nem se deixam meter em trincheiras e muito menos para discorrer sobre o facto de neste momento estar em causa a sobrevivência da nossa democracia e até da nossa comunidade.
O que eu queria dizer mesmo é que há homens e mulheres de sobra neste país para defender e promover valores e conceitos como justiça, equidade, seriedade, dignidade, comunidade. Só falta mesmo atirarem-se para a frente. Nunca como hoje precisamos tanto deles. E eles andam aí.
Ou "como ninguém quer saber das minhas opiniões vou pôr em maiúsculas a ver se alguém me liga". Também podia ser "ai que estou com lapsos de memória"
Deviam proibir este gajo de escrever. É uma vergonha para todos os que alinham umas palavras nos jornais. O Ferreira Fernandes é o maior.
A sra. vice presidente do PSD deve ter recordado o seu passado como dirigente do SLB.Na altura fazia equipa com um presidente que também se queixava muito das campanhas contra a sua probidade e boa gestão.
O Francisco escreveu aqui em baixo o que muita gente no campo ideológico dele (e, já agora, meu) pensa. Grande crónica.
A propósito de coisa nenhuma: começa-me a deixar irritadíssimo ouvir gente desse mesmo quadrante ideológico a dizer exactamente a mesma coisa ou pior, mas sem coragem para o assumir publicamente. Claro está, os rapazes cuja vidita depende do taxito do poder não entram para este número, esses não contam, são aquilo que são. Os que me fazem perder a cabeça são os tipos decentes que não percebem que, ficando calados, colaboram com esta espécie de governo. Com estes infelizes deslumbrados que são duma incompetência e duma falta de preparação assustadora.
Espero serenamente a manifestação em frente ao Palácio de Belém dos mártires da liberdade de expressão. Como as alvas vestes ainda não devem ter sido comidas pela traça, sugiro que as voltem a envergar orgulhosamente.
Há quem fique muito espantado por pessoas que trabalham em gabinetes ministeriais passarem a vida a criticar o Governo. Não acho nada surpreendente, apenas se confirmam duas coisas em relação a esse tipo de pessoas: os seus chefes e demais responsáveis não lhes ligam nenhuma, ou seja, são absolutamente irrelevantes e não passam duns pobres coitados que, não tendo outra alternativa, trabalham em projectos com que não concordam. Em resumo, uns tristes.
Não sei o que foi mais triste, o patético e provinciano excesso de citações ou o enterro do presidente da república como construtor de pontes e consensos
Não acompanhei os debates a que o Paulo Pedroso se refere e quer-me cá parecer que não perdi nada, mas a última parte do post dele é tão na mouche, tão na mouche, que deve ser lido e relido.
E de repente parecia que estava tudo a acontecer ao mesmo tempo: moção de censura, o escorraçar do Relvas, a deliberação do Tribunal Constitucional, a revolta do Governo, o Primeiro-Ministro a pedir uma carta de conforto ao Presidente da República, o ranger de dentes de Gaspar e a comunicação ao país de Passos Coelho (é difícil chamar-lhe Primeiro-Ministro quando surge a lembrança daquele discurso).
Gastaram-se muitas palavras, muitas mesmas, e no fundo foi apenas isto: o PS não tem uma alternativa, Passos Coelho achava o seu Ministro Adjunto fabuloso mas não lhe perdoou quando soube que uma das quatro cadeiras que este tinha precisado de fazer para ser licenciado tinha sido através duma prova oral e não escrita..., o Tribunal Constitucional cumpriu a sua função de zelar pela Constituição e de interpretar os princípios da igualdade e da proporcionalidade, o Presidente da República mandou o Governo governar e Passos Coelho tratou de nos informar que estava tudo a correr bem, muito bem mesmo, mas agora o Tribunal Constitucional estragou tudo, ou seja, houve dedinho dos juízes no desemprego, na recessão, no descontrolo das contas públicas, falências etc etc.
A propósito, isto vai piorar.
O debate da moção de censura agravou a crise. Nada que ver com os mercados, nada que ver com a possibilidade dum segundo resgate. Mostrou, ainda duma maneira mais evidente do que se julgava, a profunda crise de alternativas em que estamos metidos. No fundo, os medos de ontem confirmaram-se: um governo incompetente, com uma linha completamente errada e a prometer insistir nela, e um PS sem conseguir resolver o seu passado, sem um discurso sobre as origens da crise e a exibir a sua incapacidade de construir uma alternativa.
Claro está, se o Tribunal Constitucional amanhã “ajudar”, o PS terá o pedido de demissão do Governo mais reforçado e ninguém se lembrará da triste figura que fez no Parlamento. A questão é o que depois fazer com a razão que vai apregoar.
Em política o tempo não é tudo mas quase. A moção de censura do PS teria muito impacto se acontecesse depois do conhecimento da deliberação do Tribunal Constitucional, sem ela a sua discussão não passará de mais um debate sobre o estado do país. Amanhã já ninguém se lembrará deste episódio.
Dada a degradação da situação económica e social, a apresentação da moção era uma inevitabilidade: o PS não pode deixar de se tentar afirmar como alternativa e este passo era essencial.
O problema é que as inevitabilidades não podem ser geridas. O PS mostra que, de facto, não tem uma alternativa política pensada, que não está preparado para governar e, por outro lado, não pode deixar de tentar derrubar o governo.
É um dos nossos grandes dramas, um dos nossos impasses: estamos entre um governo que já mostrou ser incompetente, que a cada dia prova que tem de ser removido e um PS que teima em não conseguir mostrar que é alternativa.
Não, esta peça não é um trabalho de humor da grande jornalista Judith Menezes e Sousa. É apenas mais um patético momento deste governo. O sr. ministro Relvas descobriu este rapaz no you tube e ele vai conseguir transformar o impulso jovem num sucesso.
Se tudo isto não fosse trágico até dava para umas belas gargalhadas.
A Joana Lopes lembra que há 38 anos se iniciou a primeira campanha eleitoral. No texto há uma fotografia onde se podem ver as enormes filas de gente que se ia recensear para poder votar. Não é possível deixar de sentir um aperto no peito ao ver aquela gente cinzenta, pobre, mas cheia de esperança. O jeito que nos dava um bocadinho que fosse daquela esperança.
O terramoto político sente-se, vê-se, mas ainda não aparece nos registos sismológicos. O país politico finge preparar-se para a moção de censura do PS, entretém-se com a discussão sobre o salário mínimo que, como toda a gente já percebeu, vai ter de esperar pelo fim do impasse político. Também há umas fotos da sra. Merkl nua para distrair.
E as pessoas que pensarão? Será que a apatia já se instalou? Será que esperam o despoletar da crise? Ou a crise é ainda maior do que nós pensávamos e os cidadãos nada esperam? É este impasse político visto como mais uma brincadeira com que os políticos, jornalistas e comentadores se divertem e nada mais?
Há um tic-tac ensurdecedor na política portuguesa. Uma contagem decrescente.
A questão é que ninguém sabe para onde o relógio corre, o que está no fim da contagem.
Claro, esperamos a deliberação do Tribunal Constitucional, a execução orçamental respeitante ao primeiro trimestre, a remodelação, pelo Presidente da República, pelo CDS, o desmoronamento aparentemente eminente do Governo. Ninguém sabe é o que vem a seguir.
Vivemos no tal tic-tac infernal: sabemos que o caminho que a Europa percorre a matará e nos matará primeiro, sabemos que este Governo vive num estertor desde o episódio da TSU, que é absolutamente incompetente e que pura e simplesmente deixou de governar.
Nós vamos esperando. Conseguimos ouvir os sussurros das intrigas, o rumor dos rumores. O governo cai, e daí? O governo não cai, e daí? Tudo suspenso.
A RTP, estação de televisão de serviço público, proibiu a TSF de transmitir a entrevista a José Sócrates. Não me recordo, porque nunca aconteceu, de uma estação de televisão ter tido uma conduta destas, muito menos a de serviço público.
Convinha que alguém explicasse ao presidente da RTP, empresa paga pelo contribuinte, que o serviço público deve ser ampliado o mais possível. Que a RTP deve ser privilegiar a divulgação pública de programas que são efectivamente de serviço público sobre critérios de mercado.
Talvez Alberto da Ponte não saiba, mas ainda o senhor andava a vender imperiais e já a TSF andava a fazer, sem que lhe pagassem, serviço público relevante.
Mais um comportamento vergonhoso desta lamentável administração da RTP.
O que me impressiona é as pessoas ficarem surpreendidas com o comportamento destes tipos que algumas pessoas menos avisadas chamam jornalistas. O que é triste (não é com certeza o caso do Paulo Ferreira) é ser preciso sofrer na pele as pulhices para as pessoas se aborrecerem com esta gente e com este tipo de coisa, que pode ser muita coisa menos jornalismo. Pois, quando é aos outros até dá para rir um bocadinho, não é?
Eu sei que a vida está difícil, mas custa muito ver alguns tipos decentes a colaborar com este esgoto a céu aberto.
As constantes declarações de alguns empresários, bancários e gestores têm sido ultimamente dos poucos factores de valorização dos políticos portugueses. É que ouvindo os disparates, a pesporrência, a arrogância e a profunda ignorância sobre tudo o que não diz respeito à sua própria actividade, aqueles senhores fazem-nos perceber que a razão do nosso atraso, dos nossos desequilíbrios estruturais, do nosso reduzido desenvolvimento está muito para lá dos políticos e do Estado. Mais, fazem-nos mesmo pensar que os políticos não têm sido afinal tão maus. Teria sido muito pior se um daqueles tontos nos tivesse governado.
Pois... se calhar o problema é que muitos deles indirecta ou directamente governaram mesmo.
Fui à manifestação. Quem não percebe a abrangência da contestação não percebe nada. As pessoas podem não saber o que querem, mas sabem que não querem isto. Novos e velhos, de esquerda e de direita, pobres e menos pobres.
Num país normal, com um Governo que se desse ao respeito, este senhor já estaria no olho da rua. Com este Governo até é capaz de levar umas palmadas nas costas e toda a gente se rir um bocado da brincadeira. Um tipo que não percebe que trabalhar directamente com um Primeiro-Ministro exige sobriedade, discrição e postura de Estado não pode trabalhar no gabinete do Primeiro-Ministro. Bom, mas se calhar o que lhe pedem são umas piadolas.
Uma vergonha.
Quando um jogador dum grande clube como o Sporting tem comentários destes e não é imediatamente corrido o melhor mesmo é fechar as portas.
Pedro Santana Lopes e a Maya na TV do Correio da Manhã. Ainda há lógica no mundo.
Nem mais. Nem uma vírgulazinha a mais nem a menos.
Será que este tipo é um asno tão grande que não percebe que apenas provoca as pessoas, que este tipo de comentários apenas extrema comportamentos, que as pessoas não gostam de ser gozadas?
Mas que fal fizemos nós para ter de aturar asnos destes?