Em Bruxelas, as nacionalidades voltaram a marcar presença no debate europeu. Austríacos, eslovacos e húngaros aproveitaram a intransigência do presidente checo, Vaclav Klaus, para garantir opting outs sobre a Carta dos Direitos Fundamentais - à semelhança do que já havia conseguido a Grã-Bretanha -, incorporados no futuro acordo de adesão da Croácia. Confuso? Pois é. Para quem pensa que a defesa dos interesses nacionais se ausentou da política europeia, vale a pena acompanhar todo o caminho negocial em redor do Tratado de Lisboa. De qualquer forma, a flexibilidade dos restantes estados em relação a Praga não se repetirá para Budapeste, Bratislava e Viena. Nestas matérias, quem tem unhas tocou guitarra, e em boa verdade foi o que Klaus acabou por fazer.
Esta questão, que acaba por marcar o primeiro dia de trabalhos - crucial para a entrada em vigor do tratado e para o fim de uma era de debate institucional - poderá adiar por mais uns dias a luta pelos lugares de topo. O tema vai merecer certamente um Conselho Europeu extraordinário em meados de Novembro, de forma a não sobrepor a questão ao debate sobre alterações climáticas, que marcará o mês de Dezembro. E é sobre este segundo dossiê que o dia de ontem ainda se debruçou: um texto conjunto que preveja a repartição de custos entre europeus e faça maior pressão sobre as grandes economias mundiais, como os Estados Unidos, a China e a Índia. A política continua para além de Bruxelas.
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