Um super-homem para uns, uma entidade quase divina para outros. Houve quem lhe chamasse “socialista”, o que traduzido em português dá qualquer coisa como um apparatchik de Estaline. Mas afinal quem elegeram os norte-americanos a 4 de Novembro de 2008?
Este ano ajudou-nos a perceber alguma coisa sobre Barack Obama, embora nem sempre o início de mandato seja um espelho dos consulados: basta lembrar George W. Bush até ao 11 de Setembro e depois dos ataques. Antes de mais, Obama é um político global, o que deriva da condição líder dos EUA no sistema internacional. Assumido o papel, fica-se refém da dimensão dos desafios: a crise económica, duas guerras em simultâneo, o descontrolo da proliferação nuclear, a promoção de laços diplomáticos em todas as regiões. Ambição não lhe falta, o fardo é que pode ser demasiado pesado.
Além desta dimensão global, há mais duas que merecem atenção. Por um lado, a nível interno, a sua popularidade no final deste primeiro semestre não é superior a Bush, e fica mesmo atrás de Bush pai, Reagan e Carter (Gallup). Das duas uma: ou os EUA são demasiado exigentes com a liderança, ou o resto do mundo habituou-se à morfina. Por outro lado, a indefinição em volta do Afeganistão, da Coreia do Norte, do Irão ou de Israel distinguiu-se da vontade com que enfrentou o Congresso na reforma da saúde e na injecção de milhões na economia. Esperemos que esta variação seja excepção e que Carter não venha a substituir Obama depois de Barack.