Se a ideia era parar o trânsito sempre que o presidente do Conselho Europeu se deslocasse ao exterior, o nome de Van Rompuy não faz parar um caracol em Nova Deli ou uma bicicleta em Pequim. Se Blair era demasiado pesado – e demasiado atlantista – e Juncker demasiado oferecido, Rompuy é demasiado insignificante para quem sonhou alto com a cadeira deste cargo: à medida de um grande líder europeu.
Só que o Tratado de Lisboa não diz nada disto. Estabelece apenas funções de coordenação e “dinamização” dos trabalhos, nomeadamente com a Presidência da Comissão. Dá-lhe o papel de “facilitador” da coesão e dos consensos e exerce, sem prejuízo para as competências do Alto Representante para as Relações Externas, funções de “representação diplomática”. Por outras palavras, só um perfil político muito forte poderia mascarar a sua limitação executiva. Nesta perspectiva, Rompuy assenta que nem uma luva no lugar. Por três razões.
Primeiro, ser Primeiro-ministro de um “país” flagelado pela divisão interna dá-lhe algum calo para gerir 27 interesses nacionais. Segundo, ser de um Estado fundador e amigo de Paris e Berlim revela o alcance da sua possível nomeação: os mais fortes continuam a ter uma agenda própria, aqui e ali mascarada com a entrega de cargos institucionais aos mais pequenos. Terceiro, sabe-se que Rompuy defende novos impostos para financiar o estado social, o que para alguém vindo do centro-direita acaba por se aproximar mais das actuais posições de Londres que das de Berlim. Um nome para o consumo interno - em boa verdade, é esta a utilidade do posto.
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