Não é que fosse necessário, mas depois da entrevista de segunda-feira ficamos a saber, mais uma vez, o que a dra. Ferreira Leite não quer para o País. Já sabíamos, por exemplo, que a presidente do PSD não quer o TGV. O que, porventura, não sabíamos é que as razões não estão apenas relacionadas com os actuais constrangimentos financeiros; existem também razões estratégicas. É que a existir uma linha de alta velocidade de Lisboa a Madrid os riscos dos centros de decisão nacional passarem para Espanha aumentariam muito. Claro está que a dra. Ferreira Leite mudou de opinião - o que só lhe fica bem -, pois quando aprovou a construção desta linha, durante a sua permanência no último Governo de que fez parte, não se lembrou deste terrível risco. Este tipo de raciocínio, aliás, tem feito escola em Portugal. Já aquando das invasões francesas o responsável pela edilidade de Elvas tinha chamado à atenção para os riscos da modernidade. Estando o exército francês a menos de 100 quilómetros da fronteira, o bom do alentejano insurgiu-se contra os irresponsáveis que tinham construído a estrada de ligação a Espanha, argumentando que a não existir esta via de comunicação mais difícil seria ao exército de Napoleão invadir Portugal. Nada mais evidente. Tive pena que Mário Crespo não tivesse perguntado à líder dos sociais-democratas se também defenderia o fecho das ligações aéreas a Espanha ou talvez a construção dum muro que nos protegesse contra a fuga dos centros de decisão. Depois, para não variar, tivemos a confusão do costume. Não foram precisos cinco minutos, após o fim da entrevista, para a dra. Ferreira Leite dizer que não tinha dito o que tinha dito sobre a possibilidade de um bloco central. Já tinha sido o mesmo com o casamento e a procriação, os imigrantes e o desemprego e os seis meses de suspensão da democracia. Ou isto é um truque comunicacional, até agora desconhecido, e que permite ampliar um determinado facto político, ou estamos perante um caso de dislexia. A não ser que, claro está, os terríveis conspiradores estejam mais uma vez a truncar as suas límpidas declarações. Já quanto ao que a sra. dra. quer para o País ficamos na mesma. Parece que vai haver um programa - já mil vezes anunciado - para próximo das eleições legislativas. Por enquanto, vai repetindo as medidas propostas por outros aquando da campanha interna para a liderança do PSD entre apelos à contenção e desejos surpreendentes e, nunca confessados, de quintas e Ferraris. Curiosamente, as únicas medidas que agora defende - redução dos impostos e da taxa social única - são as mesmas que tinha apelidado de irresponsáveis, mas parece que a credibilidade e a coerência na boca de Ferreira Leite têm um significado próprio. Mas nem tudo parece ser mau. Na falta de ideias para apresentar aos portugueses, esta direcção do PSD lançou um cartaz com um número de telefone para as recolher. Não é que seja muito abonatório para os homens e mulheres do Instituto Sá Carneiro que, segundo o apregoado, iam gerar os mais variados planos que nos iriam tirar do pântano onde estamos atolados. Mas, infelizmente, parece que nem uma folhinha A4 que se visse conseguiu sair de tão sapientes criaturas. Pena é que o outdoor se confunda com uma qualquer campanha para venda de seguros ou crédito imediato, mas pelo menos mostra que há trabalho para finalmente produzir uma ideia original. É assim mesmo, nada como perguntar quando não se sabe o que dizer.
Vou estar hoje a debater com o Henrique Raposo os 100 dias de Obama e, pasme-se, a gripe suína. Isto na Edição Internacional da Renascença, como sempre, às 23.30. Vou estar ainda na TVI 24, no jornal das 21, a fazer o balanço possível destes 100 dias do Sr. Presidente. Depois prometo desaparecer para parte incerta.
A jornalista do Público, Francisca Gorjão Henriques, e o investigador do IPRI (e meu amigo), Constantino Xavier, criaram um blog de acompanhamento das eleições na Índia, "a maior democracia do mundo" com 714 milhões de eleitores. Eu vou acompanhar. E você devia fazer o mesmo. É aqui.
Reza a história que certo dia, George Best estava numa suite dum hotel de luxo, na cama, com duas mulheres. Estando o jogador de futebol com sede ou por outra qualquer necessidade, resolve pedir mais champagne.
Por coincidência, o empregado que trouxe o muito apreciado néctar era uma antigo colega de escola do George.
Depois dos abraços e do automático “o que tens feito”, o homem do serviço de quartos, vendo várias garrafas espalhadas e as duas raparigas desnudas, com um suspiro, pergunta: “Onde é que as coisas começaram a correr mal, Paul?”
também na Verdade
Não quero ser desagradável, mas acho que foi mau de mais. "Se perder, perdi". "Se ganhar, ganhei". Um Vítor Urbano nos gloriosos tempos do Paços de Ferreira não diria melhor antes de uma ida a Vidal Pinheiro. O "não tenho que prestar contas ao partido". A piscadela ao Bloco Central de facto, como que a fazer a vontade ao Dr. Cavaco. Os huh.... o olhar para baixo... a falta de garra. Eu diria mesmo, de vontade. A tirada final sobre os desencontros no "supermercado do bairro". Este filme não é para a Dra. Manuela. Tirem-na deste filme.
Também no 31.
Ponham-se a construir melhores vias de comunicação com Madrid e depois queixem-se de que os órgãos de decisão nacional passam para Espanha.
A Dra Ferreira Leite já está, de facto, noutra dimensão.
Hendrik Johannes Cruijff nasce a 25 de Abril de 1947
Alfredo James "Al" Pacino nasce a 25 de Abril de 1940
Muito gostava de saber como é que Pacheco Pereira vê as recentes tomadas de posição de Rui Rio.
Será que também pensa que o Presidente da Câmara do Porto é um perigoso divisionista?
Gosto especialmente quando estes senhores tão importantes dão uma espreitadela no União de Facto e seguem as instruções. É rápido e barato, até porque não cobro nada. Resta saber como e a quem serão entregues estes 250 milhões de dólares.
Parece-me que ficou clara a forma como cada partido tratou do “caso Provedor de Justiça”. Quem apresentou candidato, depois de nove meses a assobiar para o lado, voltou a partidarizar o cargo. Quem não o fez, recusou-se a participar na festa. O futuro Provedor poderia ficar resguardado deste triste espectáculo. Infelizmente não vai ser assim.
Vai longe esta direcção do PSD com estes conspiradores.
Nem uma palavra sobre o texto que evidentemente não lhes interessa. O que importa é uma teoria conspirativa que mete jornais e supostos apoiantes de quem quer que seja.
Dá vontade de rir mas é apenas triste.
O jornal i vai para as bancas dia 7 de Maio. Se há altura em que os media devem ter coragem e tomates é esta. E muitos de nós também.
Há, de facto, coisas muito estranhas na politica portuguesa.
Rui Rio – e muito bem – está contra o projecto-lei apresentado, hoje, pelo PSD e não se cansou de o dizer a tudo o que é meio de comunicação social.
Não é, com certeza, a primeira vez que Rio está contra as posições oficiais da direcção que faz parte mas, disciplinadamente, tem-se mantido em silêncio. Recentemente, aliás, correu que não teria ficado muito agradado com a escolha de Paulo Rangel.
O que terá levado o Presidente da Câmara do Porto a tomar esta atitude numa altura em que o partido de que é vice-presidente está em plena campanha eleitoral?
Que terão a dizer os apoiantes da dra Ferreira Leite, sempre prontos a criticar as vozes social-democratas descontentes, quando um membro da direcção faz críticas destas num momento destes?
O União de Facto promete novidades, grandes novidades para breve. Esteja atento.
Quantos portugueses sabem que Portugal se está a candidatar a membro do Conselho de Segurança da ONU para 2011-2012? Deve ser secreto.
Quantos portugueses sabem que Portugal preside actualmente à CPLP? Aliás, preside desde Julho de 2008 até Junho de 2010. Deve ser secreto.
Um auto do juiz Baltasar Garzón, de Julho de 2008, menciona a presença em Portugal do recém-capturado líder militar da ETA, Jurdan Martitegi Lizaso, referindo que o objectivo era instalar uma base da organização no país.
Começa assim a notícia do JN de ontem. Sobre a ligação entre terrorismo, crime organizado e violência em Portugal por via de furtos e associação criminosa em Lisboa, nenhuma autoridade portuguesa se pronunciou. Esperava-se uma reacção do Ministro Rui Pereira. Ou talvez não. Esperava-se também mais da Oposição. Ou talvez também não.
Foi uma entrevista em que o chefe do Governo se mostrou preparado para enfrentar os desafios eleitorais que se avizinham e que lhe correu francamente bem.
O Primeiro-Ministro fez o seu discurso habitual enunciando a política do Governo para dar resposta à crise e o que acha serem os sucessos no campo social. Nada de novo. O discurso pós anúncio da crise, tem as mesmas qualidades e defeitos de todos os que faz sobre estes temas: muitos princípios gerais e pouca explicação de como as medidas serão concretizadas.
O esperado discurso de oposição à oposição não foi esquecido e aconteceu o que também é já normal nas aparições públicas importantes: o anúncio de uma nova medida social que mais uma vez parece ser meramente simbólica.
A única novidade politica é a assunção prática de um conflito entre o Governo e o Presidente da República.
Por muito que o Primeiro-Ministro repetisse que tudo se passava dentro da maior normalidade institucional, as mensagens foram mais que evidentes.
Dizer mais do que uma vez que tem a certeza que o Presidente da República não se deixará instrumentalizar ou que não percebe a que se refere Cavaco Silva quando fala de governar para as estatísticas não deixa dúvidas a ninguém sobre o estado da relação institucional.
Este conflito vai, infelizmente, ser o centro do debate político nos próximos tempos e mais que previsivelmente vai-se arrastar até depois das legislativas.
O Primeiro-Ministro já percebeu que tem um novo opositor político e este não será tão fácil de bater como os que tem enfrentado.
Texto publicado na edição do DN de hoje