Cavaco destruiu em dez minutos a imagem que levou vinte e cinco anos a criar.
O professor Cavaco disse ontem que tinha havido manipulação nesta campanha para as legislativas. Isto é o grau mais alto da gravidade das suas declarações.
Sócrates tem legitimidade democrática total para formar governo. Cavaco comprou uma guerra com ele. Eu julgo que José Sócrates agradece. Alegre tem tudo para ser o próximo presidente.
Andou meio mundo nos últimos tempos a desejar o fim do poder hegemónico do centrão político-partidário e muitos, até, a apelar a uma renovada República. Agora que tanto o PS como o PSD perderam representatividade eleitoral e depois do professor Cavaco ter decretado o fim do semi-presidencialismo e da sua própria figura política, onde está o problema? Há um lado positivo nisto: os portugueses estão perante um fim de ciclo na democracia portuguesa. Não era o que queriam?
Pensar que votei, mais que uma vez, naquele senhor.
Cooperação, responsabilidade, bla bla bla
Fica aqui o registo das quatro partes do debate entre mim e o João Galamba, Domingo à noite, na Renascença. A moderação é da Graça Franco.
O entusiasmo pode ser fatal. O deslumbramento, a falta de fibra, os presentes envenenados, os egos em disputa, são diversos os sintomas para desbaratar um trabalho feito com seriedade e rigor. Pede-se autenticidade e não máscaras. Trabalho e não preguiça. Organização e não desleixo. Focagem e não dispersão. Coragem e não receio. Vontade e não fretes. Soluções e não adiamentos. Conquistas e não temores face ao vizinho. Uma actuação adulta que ponha de lado as inúmeras infantilidades do passado. Não vejo outra forma de estar na vida.
Parece que, nesta altura de crise e em que a economia liberal tantos inimigos tem conquistado, os alemães não tiveram dúvidas em dar a vitória aos dois partidos que mais defendem os princípios da liberdade económica. Mais uma bela lição.
A dúvida não era saber se Angela Merkel ganhava, mas com quem governaria a partir daqui. A frontalidade com que assumiu uma coligação com os liberais (FDP) foi validada pelos eleitores. Por duas razões. Primeira, confiam na chanceler para continuar a liderar a governação numa altura em que o desemprego aumenta, embora a economia comece a dar sinais de retoma. Segunda, deram um sinal de confirmação ao centro-direita para libertar a economia da asfixia fiscal, sublinhando a necessidade de, em altura de recuperação, ser injectado um estímulo na sociedade alemã. Ora, se terá sido este o grande sinal político das eleições, um outro deve merecer atenção. esquerda radical cresceu para metade do resultado do SPD, o que o motivará a mudar a liderança e a guinar à esquerda, provavelmente através do crescente descontentamento sobre a presença no Afeganistão.
Estas eleições são, em boa verdade, as grandes eleições europeias. A Alemanha ainda é motor da economia europeia, fundamental na coesão transatlântica e imprescindível nas relações com a Rússia. Era não só importante um esclarecedor resultado como um caminho definido. Foi isto que ditaram os eleitores.
Ontem no i.
O CDS ganhou porque volta a ser um partido de efectivo poder e o BE também venceu porque continua a não o ter.
Isto de facto e extraordinario. Marco Antonio Costa, eterno delfim de Menezes, estava ha dias a defender Ferreira Leite como poucos, no programa Corredor do Poder. Hoje, face aos resultados, traz o contorcionismo a politica, apelando ao fim do cavaquismo no PSD, coisa que ha dois dias nao o ouvimos dizer. Na verdade (essa palavra que tantas bocas encheu), nada disto surpreende assim tanto.
Ferreira Leite fez quase tudo mal. Trouxe temas para a campanha que facilmente abandonou, fez listas excluindo e nao incluindo, teve em Cavaco um parceiro na inabilidade politica, e quis marcar a campanha em redor de fantasmas que, em boa verdade, tambem existiram quando o PSD esteve no poder. Era dificil desbaratar em tao pouco tempo o capital politico que Rangel restituiu ao partido. Ela e a grande derrotada da noite.
Devo confessar que nenhum destes resultados me causou grande surpresa. As grandes questoes que se colocam sao estas. Primeiro, governando em maioria relativa, quem viabilizara o orcamento, abstendo/se. Segundo, se Ferreira Leite ganhar as autarquicas, ate quando se aguenta no cargo. Terceiro, depois de Cavaco assumir a trapalhada que criou e que o desprestigiou, que relacao ira manter com um Socrates sem maioria.
ps. amanha edito isto. o teclado nao ajuda.
Estão hoje em disputa as verdadeiras eleições europeias. A Alemanha ainda é o motor económico do continente e cada vez mais um importante actor político no quadro euro-atlântico-russo.
Para os alemães, há hoje dois caminhos a escolher: ou o país é liderado por Merkel sem amarras, ou o país é liderado por Merkel com amarras. Se os liberais conseguirem adicionar à CDU o suficiente para a maioria absoluta, teremos um governo mais coerente e pró-economia. Se os liberais não garantirem essa maioria, podemos ver repetida a grande coligação, o que garante a recentragem do SPD, mas não liberta Merkel para o essencial: revitalizar a economia, libertando a iniciativa privada da asfixia (esta sim) fiscal.
Esta coisa do "voto é secreto" também indicia alguma "asfixia democrática"? Quer-me parecer que o PSD podia ter pegado ainda nisto.
Por muito que me custe, o Daniel tem razão.
Álvaro Uribe tem feito um trabalho fantástico na Colômbia. Tem uma popularidade no seu país muito maior, por exemplo, que Chávez na Venezuela; ganhou a guerra a uma coligação de terroristas e traficantes; fez da Colômbia o país com maior mobilidade social da América Latina; melhorou todos os índices sociais; existe liberdade de imprensa.
Existem ainda problemas graves: os ataques constantes aos sindicalistas, os esquadrões de morte ligados ao exército, partes do país onde a lei não chega, ataques a jornalistas e todos os males endémicos desta parte do mundo.
A Colômbia deve muito a Uribe mas nada justifica o referendo para poder concorrer a um terceiro mandato.
De toda a forma, não o consigo, sequer, comparar a Hugo Chávez
Kasabian (2004)
Kasabian
FORÇA PORTO
Acho que foi num daqueles livros que compilaram os graffitis de 74/75 que li:
“A realidade foi para o caralho”.
Foi o que senti nos últimos dias ao ver certos programas de televisão e a ler alguns artigos.
Há uns tipos que são tão adeptos da família, tão adeptos da família, que às vezes até têm duas em simultâneo.
Nós aqui no União de Facto somos mais ou menos como eles: gostamos tanto do momento zen da campanha - o "dia de reflexão" - que até o antecipámos para hoje. Vamos ter dois dias inteiros para pensar em quem votar.
Vai ser um frente a frente entre União de Facto e o Jugular. O Myke Tyson é o João Galamba.
Novidades aqui no União de Facto. Vamos estar durante o dia eleitoral a postar autênticas barbaridades no jornal i, por via do nosso twitter. Além disso, o Pedro vai estar na TSF (para onde se transferiu recentemente após cláusula de rescisão superior à do Lucho González) e eu na Renascença, numa luta entre bloggers com direito a vídeo e tudo. Em breve anunciarei quem fará de Myke Tyson, uma vez que eu não prescindo de ser o Lennox Lewis.