Agradeço ao Paulo Bento ter ficado quatro anos seguidos à frente do Benfica.
Que eu goste mais do Jaime Gama do que da esmagadora maioria dos gajos de direita.
Ver Luís Amado no partido socialista, sabendo que no fundo no fundo ele é capaz de ser mais conservador do que eu.
Ter que concordar com Pacheco Pereira e Sócrates ao mesmo tempo quando só me apetecia concordar com quem está contra Pacheco.
Constato, com extraordinária alegria, que o dr. Filipe Nunes Vicente é espectador do Eixo do Mal. Espero, como sempre, pelo sr. dr. por volta da meia-noite de amanhã.
Como é um evidente apreciador das minhas participações posso lhe fazer chegar uma fotografia minha, autografada e tudo.
O “só neste país” não faz parte das minhas frases costumeiras, mas quem sou eu para refutar um tão fino analista do léxico dos motoristas de carros de praça.
O facto do programa do Governo replicar, praticamente, o programa eleitoral do Partido Socialista é uma boa notícia. Foi esse o programa que a maior parte dos portugueses aprovou e não seria democraticamente aceitável que as grandes linhas fossem mudadas.
Convém lembrar que, na ronda de audiências com os outros partidos com representação parlamentar, nenhum partido mostrou vontade de coordenar propostas ou fazer alianças. Assim tendo sido, não existiria razão para vermos qualquer falta de sintonia entre os dois documentos.
Ainda não é nesta altura que podemos saber se o Governo irá mostrar vontade de adaptar ou, mesmo, modificar as suas propostas. Só com os primeiros dossiers importantes poderemos começar a avaliar se o Governo entendeu o carácter especial do mandato que obteve dos portugueses. No fundo, se o apreende como um apelo à negociação e à concertação de políticas com as oposições, ou se pensa que ainda governa em maioria absoluta.
Já falta pouco para sabermos se o Governo entende o seu mandato e quer, de facto, governar ou se se prepara tão somente em preparar as próximas legislativas, sejam elas quando forem.
No DN de ontem
Quando chegou ao poder, Angela Merkel deslocou-se a Washington e em plena Casa Branca não teve receios em criticar os EUA. Na altura, lembro-me de ter escrito que só alguém profundamente atlantista podia ter uma atitude daquelas e merecer o respeito da Administração. Há dias, Merkel regressou a Washington após a sua reeleição. No Congresso, agradeceu o apoio e a amizade dos norte-americanos aquando da queda do Muro e do processo de reunificação. Foi longamente ovacionada de pé.
Merkel assumiu desde início um rumo externo claro: interessam mais as alianças efectivas do que as afectivas. Em boa verdade, Obama não anda muito longe deste raciocínio. Deve ser por isso que estão condenados a trabalhar juntos.
Ps. Enquanto Merkel esteve em Washington, David Miliband voou para Moscovo. Quando se quer muito um cargo fazem-se as milhas que forem precisas para o conseguir.
Ser oráculo do regime aos 30 anos é como imaginar o Medina Carreira animado com o futuro: uma simples e óbvia impossibilidade.



Hoje às 23.30, na Renascença, vou estar com o Tiago Moreira de Sá a analisar o eleito de há um ano atrás na maior potência da história. O debate foi bem menos politicamente correcto que estas curtas declarações.
A gente que dizia que não se devia perder tempo com assuntos “não prioritários” como o casamento entre pessoas do mesmo sexo é a mesma que agora quer um referendo sobre o tema.
Contou-me pessoa amiga e absolutamente por dentro do que se tem passado no Museu Paula Rego que Dalila Rodrigues foi mais uma vez "encostada" das suas funções por uma gula de protagonismo entre umas poucas pessoas sem qualquer dimensão profissional. Já percebemos que Paula Rego pouco manda. Que Capucho pouco manda. Que Dalila não podia mandar. Porque quando manda, a obra lá nasce. Talvez o ministério da cultura não lhe fique mal entregue daqui a uns anos.
Quando o Sporting foi campeão com Inácio, assisti a dois episódios inesquecíveis. O primeiro foi na bancada de Vidal Pinheiro (conhecido como quintal pinheiro), a poucos minutos do final. Eu estava imediatamente atrás do nosso banco de suplentes e um jogador saltava em cima do banco como se não houvesse amanhã. Entoava os cânticos connosco, até nos dar a sua camisola durante a festa final. Esse jogador não era das escolas, deve ter visto o Sporting pela televisão umas três vezes na vida, mas nunca mais me saiu da memória. Era italiano - o único italiano campeão - e chamava-se Ivone De Franceschi. Conclusão: ser da cantera nem sempre é sinal de amor ao clube e alto profissionalismo. Ivone esteve apenas alguns meses em Alvalade e deu tudo o que tinha em todos os jogos. Foi um grande campeão. Quando regressou a Alvalade com a camisola do Chievo, há uns verões atrás, foi longamente ovacionado de pé.
O segundo episódio é com o mesmo jogador. Chamado à SAD, já depois de terminado o campeonato, saiu em lágrimas do estádio. Tinha sido dispensado, ou melhor, o clube não tinha accionado a cláusula de opção, julgo eu. Para um sócio de coração, não de carteira, o que interessa é apenas isto: é indiferente se vem de Alcochete e é um "activo" para vender no futuro; o relevante é que tenha ganas de vestir a camisola e ganhar coisas. Aqui.
Qualquer sportinguista com o mínimo de memória e calo de bancada já assistiu a fases tão ou mais graves do que a actual. Não vale sequer a pena estar aqui a relembrar figurinhas patéticas que já vestiram aquela mágica camisola. Em termos comparativos, já tivémos piores equipas, piores jogadores, pior treinador, piores dirigentes e um pior estádio. Já assisti a momentos de violência mil vezes mais graves do que o que terá acontecido ontem, seja em Alvalade, Antas, Guimarães, Faro, Coimbra, Bessa ou na sempre complicada visita à Amadora. Quem passou os últimos quinze anos, só para não ir mais longe, atrás daquela equipa, sabe do que falo. O que não é possível continuar a assistir é a três coisas simples, essas sim, injustificavéis perante o quadro experiente de dirigentes que hoje temos. Primeiro, a um director desportivo que nunca dá a cara e que nunca foi amado em nenhuma curva de Alvalade. Segundo, um plantel para quatro competições simultâneas, assente em crianças e bebés. Terceiro, um aparente receio do que o Benfica faz desde Agosto. Se não aguentam isto nem resolvem o óbvio, não estão lá a fazer nada. Isto não é para todos.
Esta coisa de três "figuras" do PSD virem em simultâneo apoiar a descida à terra do Professor Marcelo, podia ter sido feita com mais, digamos, subtileza. Desde logo, escolher José Luís Arnaut para protagonizar esse momento só pode ser piada. Sobre isto, nem preciso de me alongar. Depois, ver Alexandre Relvas fazer este papel (perfeitamente legítimo, não está em causa) após o Instituto e as boas equipas que dirigiu terem sido absolutamente desprezadas pela direcção de Ferreira Leite, faz-me pensar porque se sujeitam as pessoas a isto. Por fim, ver Paulo Rangel entrar neste filme numa entrevista televisiva, em vez de aproveitar a oportunidade para apresentar ideias inteligentes (tenho a certeza que as tem) pareceu-me errado. Sempre julguei que a experiência de vida podia significar algum tacto político. Afinal, não.

Para quem é apaixonado pela rádio, é impossível não falar do Sérgio. A rádio que me habituei a ouvir desde miúdo é a rádio feita por ele. A música posta por ele. A voz dele. Obrigado.
Quando o Super Bock era à borla e mesmo assim vinham os Prodigy (ainda desconhecidos) e o Bowie. Acho que ao fim da tarde tocaram Flood, Primitive Reason e Paradise Lost. Good old 90's.