Eu até tinha umas coisitas para dizer sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo mas o malandro do Bernardo já disse tudo aqui em baixo.
Em Espanha e noutros locais badalhocos deste mundo, a família está em perigo. O tradicionalismo da sagrada família espanhola está praticamente em extinção, como aliás podemos ver cada vez que atravessamos, a custo, esta maldita fronteira que nos mantém puros, firmes e hirtos. Governo e oposições confrontam-se por lá, diariamente, com este flagelo e centram o seu discurso neste incontornável tema. Nas casas espanholas, é ver os Natais destruídos e as crianças traumatizadas com medo de ir à escola. Dizem-me que é este o cenário após a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Portugal que se cuide, porque sabemos que de Espanha nem bons ventos, nem bons casamentos.
Que eu saiba, o casamento vive dias difíceis de atractividade ao comum dos mortais - a mim, por exemplo - apenas por culpa de quem desde sempre teve o seu exclusivo. Que tal dar oportunidade a outros? Pode ser que o salvem.
Sempre me interroguei porque é que o engenheiro Sócrates não queria o referendo, quando podia estar uns bons meses a prender a atenção das pessoas em volta do assunto. Interroguei-me umas poucas vezes sobre se à actual oposição à direita do PS não interessaria despachar este assunto e focar-se no combate às más políticas do actual governo. Eu sei, esta coisa de ser investigador põe um homem a interrogar-se a toda a hora.
Um gajo só percebe que a família já não é o que era quando vê mais vezes num dia a Isilda Pegado do que a sua própria mulher.
Parece que a esquerda adepta da democracia directa e da "aproximação entre eleitos e eleitores" não quer o referendo. Melhor, não quer este referendo. Parece, ainda, que a direita adepta da democracia representativa e da "institucionalização da vida democrática" quer o referendo. Ou melhor, este referendo. Até parece que é por saber que ele nunca avançará.
O terrorismo islamita não começou com George W. Bush nem terminou com ele: à Al-Qaeda é indiferente a cor de pele dos inquilinos da Casa Branca. Simplesmente actua para lhe infligir derrotas acumuladas até declarar vitória sobre o que um presidente dos Estados Unidos simboliza. Por outras palavras, o terrorismo que há vinte anos derrotou uma das duas superpotências nas montanhas do Afeganistão só descansará quando derrotar a outra onde quer que o possa fazer: no Afeganistão, no Iraque, na Somália, no Paquistão, no Magrebe ou no Iémen. E quantos mais erros e quebras de legitimidade provocar em Washington e nos que estão a seu lado, melhor será a festa e maior o encanto da mensagem.
Por isso, importa não perder no Norte. Os esforços militares, políticos e económicos empregues no Iraque e no AfPak são, curiosamente, bons conselheiros nesta altura: invadir militarmente o Iémen (antiga e reacendida frente jihadista) seria decepar o seu governo central que, embora frágil, é aliado de Washington. Além disso, o país precisa mais de investimentos antidesemprego (40%) perante os dois terços que têm menos de 25 anos do que de bombas a estoirar ininterruptamente.
Ser um quase-estado falhado não significa que o venha a ser, a não ser que o passo se acelere. Talvez por isso o Pentágono apenas invista numa estratégia rápida de contraterrorismo e formação de forças especiais. Para a Al-Qaeda, seduzir o Ocidente para esta frente seria um troféu revitalizador. Desta vez, sejamos um pouco mais inteligentes.
Hoje no i
Quase ninguém levantou uma questão central: as profundas alterações na distribuição do poder global facilitam ou complicam acordos multilaterais?
Um tipo chega mal disposto ao aeroporto de Lisboa. Deixa uma temperatura de 40 graus, amigos que deixam saudades, passa 11 horas metido num avião sem conseguir pregar olho e é recebido com chuva e frio.
Para ver se alguma coisa mudou compra os jornais e percebe que está tudo na mesma. Ainda mais deprimido fica. No entanto, meio ensonado, folheia os jornais e passa os olhos pela crónica do João César das Neves e, pelo menos, diverte-se.
Digam lá se isto não é uma maravilha: “Hoje se um homem abandonar a família para fugir com a mulher de outro é mera expressão de sensibilidade, manifestação legítima do direito ao amor.”
O país pode estar mal mas ao menos ainda há gente que nos põe a rir à gargalhada.



It's Blitz! (2009)
Yeah Yeah Yeahs