Hoje, na Edição Internacional da Renascença, debaterei com José Manuel Anes (Presidente do Observatório de Segurança e Terrorismo) e o jornalista russo, Vitaly Ignatyuk, sobre os ataques em Moscovo e no Daguestão. É, como habitualmente, às 23.30.
O Sporting deixou arrastar este assunto anos a fio e ninguém saiu bem da história: o clube, porque se envolveu num litígio com um grande homem e sportinguista que o não merecia; o jogador, porque não saiu pela porta grande como lhe era devido. Além disso, deu azo a opiniões divergentes quando todas deviam acautelar o clube o jogador. Eu tenho uma admiração gigantesca por Iordanov. Estava longe de ser tecnicamente brilhante, mas representou tudo o que gosto num jogador que sabe dessas limitações: raça, amor ao clube e aos sócios, entrega, capacidade de sofrimento. E que sofrimento passou ele. Lembro-me, como se fosse ontem, daquela extraordinária tarde no Jamor contra o Marítimo e de um golo monumental na Luz, entre muitos outros que fez dele um dos jogadores mais acarinhados em Alvalade. Eu só tenho duas camisolas de jogadores do Sporting guardadas e uma delas está assinada pelo Iordanov, o mesmo capitão que me deu a honra de assinar o bilhete de Vidal Pinheiro. Da boca dele, ouvi então: "no Sporting até jogava de graça". A homenagem é a 5 de Maio.
Sobre o ataque de ontem em Moscovo, há ainda três informações não confirmadas oficialmente. Primeira, a existência de uma terceira bomba, entretanto neutralizada. Segunda, uma das bombas que explodiu teria como alvo a estação de metro do Ministério do Interior (a primeira foi na da sede do FSB) e que dado o desconhecimento da rede de metro por parte de uma das suicidas, acabou por explodir antecipadamente. A terceira, que estas mulheres serão "viúvas negras", cujos maridos morreram nas guerras chechenas, passaram por uma reintegração social difícil, dada a natureza das regras nos clãs norte-caucasianos, acabando por apresentar maior apetência para a vingança e uma grande vulnerabilidade às práticas das lideranças terroristas. Nada disto é particularmente novo. E não vai ficar por aqui.
Quando abordei o assunto em Setembro passado, nada fazia prever este massacre. No entanto, alguns indicadores foram justificando atenção redobrada. O aumento de assassinatos na Ingushétia e Daguestão ou o crescimento do tráfico de droga vindo do Afeganistão e a sua ligação aos financiamentos terroristas e ao crime organizado do Cáucaso do Norte. Moscovo é, nesta perspectiva, uma das cidades mais apetecidas do mundo: perto de 9 milhões de utilizadores diários do metro, centro do poder contra o terrorismo dentro da Federação Russa, envolvimento no Afeganistão junto dos aliados. Criar pânico, medo e retrair as acções do Kremlin eram os objectivos. É preciso não conhecer os russos para pensar que isto terá alguma vez sucesso. Volto ao tema em breve.
Também gosto de ouvir políticos dizer que o Estado tem de emagrecer, deixar de ser jogador e árbitro ao mesmo tempo e preocupar-se com quem efectivamente precisa dele. Gostava, no entanto, de ver os mesmos políticos cortar com práticas que contribuem para a engorda do bicho. Assim, temos projecto.
Gosto de políticos com vontade de estar na política. E gosto também de políticos que assumem, com todas as letras, que com eles não há modelo económico baseado na subida de impostos e no saque aos nossos bolsos. Espero que, se chegarem ao poder, sejam consequentes com estas posições.
Eu acho que vocês não estão a ver bem a coisa: a Roma vai ganhar o scudetto com uma série de vitórias extraordinárias desde que aqui me ajoelhei aos seus pés. A mim ninguém me convence que eu não tive nada a ver com a recuperação, com a raça daquela equipa, com a mística daquela cidade. Ajuda a isto, a força de ver a Lazio perto da serie B e a oportunidade de vergar Mourinho e o seu insuportável ego. Se tudo correr bem, estarei no Circo Massimo a festejar e a esquecer que em Portugal existiu este ano campeonato.
A renegociação do acordo de armas estratégicas nucleares entre Washington e Moscovo é um sinal político importante face ao descontrole da proliferação nuclear e a uma parceria estratégica entre americanos e russos. Mas a pergunta que este acordo impõe é esta: START what?
Os dois têm 90% dos arsenais nucleares conhecidos. A Rússia é imprescindível na solução regional no Afeganistão e a última coisa que neste momento deseja é que a NATO por lá falhe. A influência russa em Teerão é vital para a transparência do regime ou para a eficácia do regime de sanções. É, ainda, um player no diálogo com países produtores de petróleo e mantém capacidades de jogo na Europa com as políticas energéticas. Em Washington e Moscovo paira ainda o crescimento militar da China e respectiva projecção de poder. Mas além do tampão NATO face ao caos no Afeganistão, Moscovo continua a desconfiar do posicionamento americano na Europa de Leste, no Cáucaso e na Ásia Central. Avanços militares de Washington (individuais ou via NATO) exasperam o Kremlin e reforçam a sensação de estar sob um cordão de forças limitativo na sua tradicional área de interesse.
Mas mais importante do que este tratado será a conferência prevista para Abril, em Washington, e que sentará à mesa 45 países directamente ligados ao poder militar nuclear. O alcance deste novo START só ficará verdadeiramente fixado na exacta capacidade de influenciar positivamente os restantes membros do clube. É caso para exigir a poligamia e não apenas um casamento a dois.
Hoje no i
Computer World (1981)
Kraftwerk
Há um endorsement recorrente que me faz lembrar os prognósticos do Pelé antes dos mundiais. Não acerta uma, mas não resiste a abrir a boca.
Sou capaz de dar a volta ao mundo para passar umas horas com um amigo. Sou, até, rapaz para voar muitas horas para sofrer com o meu FC Porto, ver um espectáculo qualquer ou comer um petisco – fossem as viagens mais em conta e ia mais vezes comer um marisquito à Costa do Sol ou comer um leitão à Bairrada em Marracueno.
Por outro lado, belas paisagens, animais exóticos, praias paradisíacas, edifícios imponentes, não me fazem sair do meu canto lisboeta. A verdade verdadeira é que gosto de gente. Gosto de ver a rotina das pessoas, de as ver passar, de lhes falar, de saber o que as faz feliz ou o que as entristece.
A idade e, se calhar o muito que tenho viajado, fez-me crescer a convicção de que as pessoas são muito mais parecidas umas como as outras do que a sua cor, religião, género, nacionalidade ou outra coisa qualquer podem fazer parecer.
São as pequenas diferenças que me encantam e que cada vez mais o mundo globalizado pela televisão e outros monstros vai esbatendo.
Sempre que regressado de uma viajem, lá vêm as perguntas habituais: “Foste ali? Foste acolá? Viste isto? Viste aquilo?”. Será fácil, para o amável leitor, perceber que as respostas a este tipo de perguntas ainda ficam mais difíceis se dissermos que fomos a Moçambique ou a qualquer outro país com quem partilhamos mais que uma história e uma língua.
A excitação dos meus amigos nascidos, criados ou que simplesmente viveram em Moçambique deixou-me pouco tempo para que eu pudesse relatar o que quer que fosse da minha estadia. As perguntas eram apenas retóricas e nada que eu dissesse parecia ser sequer escutado. As memórias e os momentos vividos por eles eram demasiado intensos para que ouvissem as peripécias da minha viagem.
O carinho e a ternura com que falavam dos lugares e da gente, não lhes deixava lugar para ouvir um tipo que tinha pisado a terra deles pela primeira vez.
Os meus relatos, para eles, frios e factuais eram quase ofensivos. O facto de não me ter apetecido ficar para sempre em Maputo era tido como um sinal da minha pouca inteligência.
Mais uma vez percebi que só conhecemos os lugares quando os vemos através das pessoas que os amam. As perguntas dos meus amigos que viveram em Moçambique sobre a minha recente ida ao Maputo não foram mais que um bom exemplo disso. No fundo, não era na minha experiência que estavam interessados. As minhas respostas serviam para que eles vivessem de novo as suas memórias e exprimissem a sua ligação nunca perdida com esse canto do mundo.
Vi muito mais claramente Moçambique quando regressei a Lisboa. Ninguém é uma ilha, dizia o outro. Desta vez trazia na minha bagagem mais que experiências de viagem, trouxe lembranças para os meus amigos de um profundo amor a uma terra e a uma gente. Comigo viajaram todos eles.
Não se pode pedir mais de um passeio.
Publicado no jornal "A Verdade"
Ministro, se um dia quiseres ser presidente do Sporting, conta comigo. Confio em ti para trazeres alguns consiglieri do Norte, um investidor árabe e o filho do Schmeichel para a baliza. Acho que é suficiente para acabarmos com esta pouca vergonha das papoilas saltitantes.
...por exemplo, Gabriela Canavilhas cumprir com sucesso a filosofia que hoje discorre sobre a Cultura, haverá alguma razão para um futuro governo de centro-direita prescindir da sua figura? Há. A necessidade de satisfazer clientelas. Talvez fosse altura de se dar continuidade entre governos a quem desenvolve bons projectos, despido de preconceitos ideológicos e com resultados concretos. Sempre era uma mudança na cultura política nacional e uma aprendizagem de exemplos internacionais bem sucedidos.
A minha visão sobre a reforma da saúde de Obama.
O grupo Visegrado, composto pela Polónia, pela República Checa, pela Hungria e pela Eslováquia, constitui o círculo mais imediato. Partilham interesses e objectivos, encontram-se com frequência e definem estratégias comuns. Mais importante, de acordo com as regras do Tratado de Lisboa, o grupo terá tantos votos como a Alemanha e a França juntas.
Préliminaires (2009)
Iggy Pop
Meu caro amigo Jacinto, o que mais me está a custar nesta época futebolística não é vocês estarem a ganhar, é estarem a merecer ganhar. Quanto ao meu Porto, sabe deus o que me custa perder, mas custa-me muito mais estar a merecer perder.
Resta-me a consolação de saber que isto é apenas uma nuvem passageira. No entretanto, parabéns.
É, de facto, uma classe profissional fantástica. Não há, sequer, um juiz que seja medíocre ou mau.
Era capaz de apostar que também não há maus magistrados do Ministério Público. Pois claro, são as leis e os governos os culpados de todos os males da Justiça.
Os melhores aliados também têm a suas zangas quando cada um defende os seus interesses. Joe Biden sabia que a ida a Israel não passaria de uma manobra de diplomacia pública a pretexto de um regresso às negociações de paz. O timing era evidente: o governo israelita é demasiado inflexível para ceder a pretensões palestinianas, enfraquecendo-se internamente com isso; a Autoridade Palestiniana vive uma crise de liderança e mantém-se longe do controlo de Gaza. Tudo condimentos básicos para se manter o status quo.
A construção de colonatos judaicos em Jerusalém oriental fez desesperar a Casa Branca e o Pentágono. Biden fez saber a Netanyahu que estas medidas minavam as negociações e prejudicavam as tropas americanas no Iraque e no Afeganistão. Washington não quer radicalizar ainda mais essas frentes, as grandes provas de fogo externas da Administração Obama. Mais: a reprimenda dada a Israel mostra a vontade em construir uma coligação alargada com estados árabes (Arábia Saudita, Egipto, EAU) que isole o Irão, enfraquecendo a sua posição e reduzindo os apoios directos ao Hamas e que minam todo o processo de paz. Obama tem sido acusado de prejudicar as relações entre Washington e Israel e há quem considere que ele procura aceitação entre os árabes. Parece-me uma leitura incorrecta.
Defender os interesses americanos nos conflitos que fazem exasperar a América implica alguma equidistância no nó górdio do Médio Oriente. É precisamente essa margem de manobra que Biden acaba de conquistar em Jerusalém.
Hoje no i
Tenho dificuldades em comunicar com alguém no dia de hoje. A partir das oito estou concentrado em deitar cá para fora tudo o que há anos vou acumulando contra um certo e determinado indivíduo. Eu já apertei a mão ao António Veloso. Eu até vi o último Sporting-benfica com o Toni (um senhor, fiquei a saber). Mas por amor de deus, não me peçam mais que isto. Recuso a dar mais alguma coisa ao desportivismo e ao fair-play, duas pragas que ainda vão matar o futebol.