Push the Button (2005)
The Chemical Brothers
Pode-se tentar apagar Saltillo da memória portuguesa, mas é mais difícil tirar Saltillo do futebol português.
Segundo o relatório anual das Nações Unidas, metade do consumo de heroína no mundo é feito no Afeganistão, na Rússia, no Irão e na Europa Ocidental. Mais de 90% da heróina produzida no mundo tem origem no Afeganistão e na Birmânia. Só a Rússia consome 20% da heroína vinda do Afeganistão, enquanto que o Irão vive um crescimento alarmante do consumo e um novo corredor de tráfico que vem da fronteira afegã com destino ao Cáucaso. Nos últimos anos, perto de 100 mil russos morrem anualmente devido ao consumo de drogas duras. Este é o tema que mais aflige Teerão e Moscovo quando pensam no Afeganistão. Já merecia uma grande conferência internacional.
A primeira vez que me lembro de ir ao teatro com olhos de ver, foi numa peça com o António Feio. Agora que penso nisto, acho que a última vez que entrei num também foi para ver uma peça com o António Feio.
Cheguei à conclusão que não tiro prazer algum de quase metade das coisas que leio. Por obrigação profissional ou pressão académica, muitos dos livros impõem-se-me sem que eu tenha qualquer acto prévio de busca. A realidade, neste mês de férias, é esta: uma greve aos livros.
Aguardo ansiosamente os comentários dos defensores do interesse nacional sobre a venda da Vivo à Telefónica. Também vai ser interessante ouvir o mediador autorizado do negócio, ou seja, o Governo.
Como se pode ver pelas recentes declarações de David Cameron, a Turquia jogou com brilhantismo as suas cartadas e voltou a colocar a adesão à UE em cima da mesa, acelerando o processo. Cameron, defendendo o interesse nacional britânico e jogando a influência do seu país a Leste, já se colocou na dianteira deste debate. E bem.
O ano passado estive no interior da maquete desta obra. Foi indescritível. Hamburgo fica com traço de Herzog para sempre.
Tive um amigo que pirou de vez.
Este sim, um grande, grande Capitão.
Luís Amado tem alguma razão quando diz que o debate político em Portugal sobre questões internacionais é pobre. Eu só acrescentava que desde que ouvi um membro do actual governo dizer que quanto menos se debatessem os temas mais quentes em que Portugal está envolvido, melhor, para não se agitar as águas, que percebi de onde vem a fonte de tanta pobreza.
26 de Setembro de 2010: data das eleições legislativas na Venezuela. Está explicada a berraria.
The Sounds of Science (1999)
Beastie Boys
As propostas de revisão constitucional do PSD, comunicadas de forma deficiente, mesmo que por mais indicadas que possam ser só ajudam à orquestra de toda a esquerda sob a batuta de José Sócrates. Em vésperas de campanha para as presidenciais, o timing de Pedro Passos Coelho fez tudo menos o que era necessário nesta fase, ou seja, fraccionar as esquerdas pondo-as umas contra as outras. Pode ser que o Verão o ajude.
Este debate sobre as propostas de revisão constitucional do PSD mostra como Portugal é o último reduto das ideologias. Quem disse que elas morreram nunca aterrou na Portela.
Imagination was given to man to compensate him for what he is not. A sense of humor to console him for what he is.
Francis Bacon
Remedy (1999)
Basement Jaxx
Mas quem é que no seu juízo perfeito quer ir para o governo nos próximos 10 anos?
Podemos olhar para o caso entre turcos e israelitas ao largo da Faixa de Gaza de duas maneiras: vendo o episódio mediático, o facto que abre noticiários, o evento que pede um directo televisivo; ou tentando perceber por que é que os factos ocorreram de uma certa maneira e os Estados assumiram posturas anteriormente não testadas.
Os factos incluíam condimentos facilmente incendiáveis: navios a furar bloqueios, intervenção militar, armas a bordo, mortos e feridos, filmagens e relatos de activistas, choque e condenação nas opiniões públicas, declarações políticas ásperas e choques diplomáticos entre aliados. Bastaria tudo isto para desencadear um conflito rápido, com consequências gravíssimas para todo o Médio Oriente. Bastaria, mas não aconteceu. Importa tentar perceber porquê.
Primeiro, vale a pena ter em conta o timing da acção turca. Dependente dos humores de Paris e de Berlim para acelerar a adesão à União, Ancara optou por inverter este rumo por um instante: autonomiza a acção externa e dota-se de potencial político, militar, económico e cultural no Médio Oriente, acabando por provar ser mais importante para os europeus do que nunca. Por outras palavras, a Turquia dá um aparente passo atrás para poder dar dois à frente no processo de adesão e, com isso, diz às potências europeias que não passam disso mesmo: actores regionais com influência cada vez mais reduzida no plano extra-europeu.
Segundo, a Turquia optou por elevar o seu estatuto no Médio Oriente, confrontando um aliado, Israel. Faz sentido por três razões: deposita em si um sentimento comum na região, e ao imoralizar as acções de Telavive torna-se o agente moral na região; o AKP, no poder, conquista as ruas turcas no despique com os secularistas; assume que o comércio com os países da Liga Árabe representa trinta vezes mais do que o mantido com Israel e, por isso, a escolha, a existir, é óbvia. Daqui também resulta um aviso aos europeus: para vingarem economicamente no Médio Oriente terão de ter em conta a preponderância de Ancara.
Terceiro, o conflito não ocorre porque ainda há líderes que pensam a política externa com a lente realista. Para a Turquia, elevar a confrontação com Israel já lhe permitiu na região suficientes ganhos políticos que dispensam o recurso à força. Sabem perfeitamente que isso implicaria perder os EUA do seu campo de alianças e fritar em lume brando a paciência dos europeus que se dividiriam nos apoios. Para Israel, menos controlados e em gestão de esforço, permitiu ver com quem podem contar e sobretudo até onde podem hoje em dia ir. Acreditem que todos os envolvidos num caso entretanto sumido dos noticiários vão ter algumas destas variáveis em mente quando em breve voltarem a jogar cartadas fortes em defesa do sempre terrível interesse nacional. A velha política internacional está de regresso.
Hoje no DN