A sete semanas das eleições e ainda com tudo em aberto três ideias ganham forma:
1. O PSD só ganhará se os portugueses perceberem como chegámos aqui, à bancarrota; conhecerem Pedro Passos Coelho; e perceberem o que quer para Portugal. Creio que nenhuma das três coisas é cristalina na cabeça dos eleitores.
2. José Sócrates o mais resistente político dos últimos 30 anos não morrerá a 5 de Junho.
3. Cavaco Silva tem de fazer mais e melhor se quiser ficar para a história como um Presidente decisivo num momento determinante.
P.S. Na noite eleitoral uma seta está já garantida: Portas a subir.
Alguém me pode explicar a nova mensagem facebookiana do PR? Aqui há umas semanas nem uma palavra sobre os problemas europeus, parecia que os problemas eram exclusivamente nossos. De repente, lembra-se da solidariedade europeia. Será que é para não ter de explicar aquela coisa mentirosa de não se poderem pedir mais sacrifícios aos portugueses?
Logo agora que precisávamos de alguém sereno.
Toda a gente pode criticar Fernando Nobre, toda a gente pode pôr em causa o convite de Passos Coelho ao médico. Toda a gente não, este senhor não pode.
As revoltas árabes têm ofuscado a tensão entre Estados Unidos e Paquistão. Todos percebemos a avalanche mediática mas, apesar de tudo, o Paquistão tem armas nucleares, um conflito congelado com a Índia, 30 mil mortos pelo terrorismo nos últimos quatro anos, foi implacável com políticos que se opuseram à lei islâmica da blasfémia: o governador de Punjab (onde vivem três quintos dos paquistaneses) e o ministro das minorias foram prontamente liquidados para que o mundo soubesse que não há espaço para revoluções coloridas no Paquistão.
Hoje no Diário de Notícias
A Perestroika do nosso regime?
É uma ternura ver professores universitários sem licenciatura, que ainda há muito pouco tempo diziam que Passos Coelho e José Sócrates eram o Dupont e o Dupond, tão entusiasmados com o PSD. É a vidinha.
Ai que sede tão funda, ai que fome tão antiga
Quantas noites se perdem no amor de cada esquina
Um político com tantos anos disto como o Miguel Frasquilho já devia saber que não é possível passar uma mensagem credível e usar ao mesmo tempo um blazer estilo palhaço Batatinha. Nem a mensagem passa, nem os meus olhos ficam a ver melhor.
Percebemos que o país endoideceu de vez quando passa 15 dias seguidos a falar do dr. Nobre, provavelmente a maior nulidade política que a democracia foi capaz de gerar.
A entrevista de Fernando Nobre ao Expresso é um bom motivo para o PSD recuar quanto ao cabeça de lista que pretende apresentar por Lisboa. Nobre não trará um saldo positivo de votos, nem representará um balde de ideias frescas ou úteis para o país, mas apenas uma fonte de problemas para o partido. Passos já terá seguramente consciência disso. Agora basta ter a coragem para recuar numa intenção que do ponto de vista teórico poderia ser interessante, mas na prática é um erro político grosseiro.
Os potenciais eleitores do PSD agradecem.
Já deu à costa a maior sondagem feita sobre a visão que os estados membros têm da performance externa da União Europeia. Conduzida pelo European Council on Foreign Relations, foram tratadas seis grandes áreas (China, Rússia, Estados Unidos, Vizinhança Europeia, Gestão de Crises e Assuntos Multilaterais), 80 subcategorias e três questões-chave: "Estiveram os Europeus unidos?"; "Empenharam-se politica e materialmente?"; "Atingiram os objectivos?". Olhemos para os principais resultados.
Hoje no Diário de Notícias
Não coloco isto aqui por uma questão de higiene, mas deixo a pergunta: se a ERC se indigna com o Rui Sinel de Cordes porque é que nada diz sobre o elemento que diz aquelas coisas? Será que o canal benfica tem um estatuto especial? A propósito ouvi dizer que nesse canal um outro elemento desejava a morte a um senhor. A ERC nada tem a dizer?
Que fique claro: tenho dúvidas sobre se a ERC se deve pronunciar ou não sobre conteúdos, mas tendo-se já pronunciado porque está calada quando isto se repete diariamente no canal referido?
"El eurodiputado que desencadenó la cruzada contra los viajes en clase business de los políticos comunitarios ha caído bajo su propia munición. El portugués Miguel Portas, del Bloque de Izquierda, ha sido cazado volando plácidamente en primera tras haber exigido a sus colegas que renunciaran a este privilegio. La fotografía a la que ha tenido acceso este diario fue en un vuelo de la compañía TAP por otro eurodiputado luso, víctima de la campaña desatada por Portas. Una venganza política de manual". Elconfidencial
Ó Miguel, desculpe, mas isto é farsolas, não é?
P.S. Isto foi há 7 dias...
Eis a mensagem de que tanto se fala: “A direcção do Grupo Parlamentar solicita aos senhores deputados que aguardem pelo final da reunião dos chefes de Governo da zona Euro para comentar as respectivas conclusões, a situação financeira do país e as novas medidas de austeridade anunciadas pelo Governo”.
Qualquer semelhança com o que o Sr. deputado do PSD Pacheco Pereira disse ontem é, afina, pura intriga? Despeito? Manipulação? Erro grosseiro?
Enfim...
O PSD fez uma excelente escolha de cabeças de lista. Tão boa que faz esquecer o enorme equívoco de Fernando Nobre.
“OS VERDADEIROS FACTOS DA CAMPANHA”
1) Na última década, Portugal teve o pior crescimento económico dos últimos 90 anos
2) Temos a pior dívida pública (em % do PIB) dos últimos 160 anos. A dívida pública este ano vai rondar os 100% do PIB
3) Esta dívida pública histórica não inclui as dívidas das empresas públicas (mais 25% do PIB nacional)
4) Esta dívida pública sem precedentes não inclui os 60 mil milhões de euros das PPPs (35% do PIB adicionais), que foram utilizadas pelos nosso governantes para fazer obra (auto-estradas, hospitais, etc.) enquanto se adiava o seu pagamento para os próximos governos e as gerações futuras. As escolas também foram construídas a crédito.
5) Temos a pior taxa de desemprego dos últimos 90 anos (desde que há registos). Em 2005, a taxa de desemprego era de 6,6%. Em 2011, a taxa de desemprego chegou aos 11,1% e continua a aumentar.
6) Temos 620 mil desempregados, dos quais mais de 300 mil estão desempregados há mais de 12 meses
7) Temos a maior dívida externa dos últimos 120 anos.
8) A nossa dívida externa bruta é quase 8 vezes maior do que as nossas exportações
9) Estamos no top 10 dos países mais endividados do mundo em praticamente todos os indicadores possíveis
10) A nossa dívida externa bruta em 1995 era inferior a 40% do PIB. Hoje é de 240% do PIB
11) A nossa dívida externa líquida em 1995 era de 10% do PIB. Hoje é de quase 110% do PIB
12) As dívidas das famílias são cerca de 100% do PIB e 135% do rendimento disponível
13) As dívidas das empresas são equivalente a 150% do PIB
14) Cerca de 50% de todo endividamento nacional deve-se, directa ou indirectamente, ao nosso Estado
15) Temos a segunda maior vaga de emigração dos últimos 160 anos
16) Temos a segunda maior fuga de cérebros de toda a OCDE
17) Temos a pior taxa de poupança dos últimos 50 anos
18) Nos últimos 10 anos, tivemos défices da balança corrente que rondaram entre os 8% e os 10% do PIB
19) Há 1,6 milhões de casos pendentes nos tribunais civis. Em 1995, havia 63 mil. Portugal é ainda um dos países que mais gasta com os tribunais por habitante na Europa
20) Temos a terceira pior taxa de abandono escolar de toda a OCDE (só melhor do que o México e a Turquia)
21) Temos um Estado desproporcionado para o nosso país, um Estado cujo peso já ultrapassa os 50% do PIB
22) As entidades e organismos públicos contam-se aos milhares.Há 349 Institutos Públicos, 87 Direcções Regionais, 68 Direcções-Gerais, 25 Estruturas de Missões, 100 Estruturas Atípicas, 10 Entidades Administrativas Independentes, 2 Forças de Segurança, 8 entidades e sub-entidades das Forças Armadas, 3 Entidades Empresariais regionais, 6 Gabinetes, 1 Gabinete do Primeiro Ministro, 16 Gabinetes de Ministros, 38 Gabinetes de Secretários de Estado, 15 Gabinetes dos Secretários Regionais, 2 Gabinetes do Presidente Regional, 2 Gabinetes da Vice-Presidência dos Governos Regionais, 18 Governos Civis, 2 Áreas Metropolitanas, 9 Inspecções Regionais, 16 Inspecções-Gerais, 31 Órgãos Consultivos, 350 Órgãos Independentes (tribunais e afins), 17 Secretarias-Gerais, 17 Serviços de Apoio, 2 Gabinetes dos Representantes da República nas regiões autónomas, e ainda 308 Câmaras Municipais, 4260 Juntas de Freguesias. Há ainda as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, e as Comunidades Inter-Municipais.
22) Nos últimos anos, nada foi feito para cortar neste Estado omnipresente e despesista, embora já se cortaram salários, já se subiram impostos, já se reduziram pensões e já se impuseram vários pacotes de austeridade aos portugueses. O Estado tem ficado imune à austeridade."
Mas o passo dado é simultaneamente necessário e arriscado para os governantes (Conselho Supremo e primeiro-ministro). O facto de serem praticamente todos herdeiros dos privilégios mubarakianos e de terem servido o regime faz deles possíveis danos colaterais das investigações.
Hoje no Diário de Notícias
Várias empresas públicas não têm dinheiro para pagar salários (Transtejo e Metro do Porto), nas polícias os descontos do IRS deixaram de ser feitos com o conhecimento e consentimento dos ministros das Finanças e Administração Interna, nas forças armadas já não restam euros suficientes para pagar salários e pensões. Hoje, a 14 de Abril, alguém me consegue convencer que tudo isto se deve a uma crise política que começou na noite de 10 de Março?
A dois meses das eleições há um vencedor e um derrotado. Portas e o País, respectivamente.
Vencido: À beira do colapso todas as sondagens dão aos dois principais partidos, juntos, um dos valores mais baixos dos últimos 20 anos esquecendo as eleições de 2009 que deram no que deram...Não existe qualquer base de entendimento, confiança, cooperação, ou um mínimo denominador comum entre Sócrates e Passos. Das duas uma: o que perder as eleições sai, ou estaremos ainda mais tempo no confronto irresponsável.
Vencedor: Dado como politicamente morto demasiadas vezes, Paulo Portas é o único líder partidário com um discurso arrumado, compreensível, objectivo e politicamente inteligente desde Junho do ano passado. Pediu a Sócrates que saísse para evitar o colapso, recusou negociar o OE/2011 ou o PEC IV (nem conversas pessoais, nem telefonemas), fala escorreito, com ideias arrumadas, uma equipa promissora e ataques cirúrgicos mas pertinentes aos opositores. Seja no TGV, no Código Contributivo, no aumento de impostos, na reforma do sector empresarial do Estado ou nas SCUT. Veremos o que acontecerá no próximo mês e meio...
Até ao início de Maio os partidos e as campanhas não têm nada para dizer. O Parlamento está fechado, não teremos propostas para os principais problemas do País, e os partidos vão estar sentadinhos a negociar o pacote FMI. Tudo servirá para uma inflamada conferência de imprensa, uma acesa troca de acusações e uma polémica sem fim. Sem interesse nenhum, mas sem fim. É triste, mas Abril não tem agenda.
Como em qualquer processo que envolve guerra civil num país dividido pelo credo, etnia e controlo pelos recursos naturais, a pacificação pode não passar de uma imensa miragem. Pode ter-se travado a guerra, mas estamos longe de garantir a paz.
Hoje no Diário de Notícias
No PS não há espaço para vozes despenteadas. No PSD não há espaço para vozes alinhadas. O CDS fala como marcha um pelotão, em sincronia. O PSD já vai no 18º líder. PS, PCP, CDS e Bloco de Esquerda todos juntos tiveram 17.
Manuela Ferreira Leite, Luís Marques Mendes, Luís Filipe Menezes e António Capucho recusaram ser deputados pelo PSD. Não tem problema algum se as escolhas finais superarem estas recusas. Mas só se....
O Governo e o PS andaram 15 dias a dizer que na apresentação do PEC IV o que contava não era a forma mas o conteúdo. O importante não era terem ou não concertado antecipadamente posições com o Presidente da República e com a oposição (a que estão constitucionalmente obrigados - Vital Moreira 'dixit') mas o conteúdo das medidas. Nas últimas 24 horas, em duas conferencias de imprensa, defenderam exactamente o oposto. O que conta é a forma: Sócrates avisou Passos Coelho pessoalmente e não por telefone, a 10 de Março e a menos de 12 horas da apresentação do PEC IV. Lembro o óbvio: a 4 de Março já Fernando Ulrich, ao falar com Teixeira dos Santos, percebeu que era necessário um resgate. Propostas para os portugueses nenhumas...continuam em fanfarra da boa!