Ser português é uma arte. Reparem na quantidade de especialistas em direito constitucional que saíram da toca nas últimas 24 horas.
A duplicidade de critérios na política internacional acaba por ajudar a definir comportamentos racionais. A única forma de compreendermos isto é aceitarmos que a moral praticada pelos Estados reside na coerência da defesa do interesse nacional e não tanto na "responsabilidade de proteger" indiscriminadamente.
Hoje no Diário de Notícias
Face à saturação em que o país se encontra, o PSD já podia e devia ter ganho as eleições em 2009 e tem a faca e o queijo na mão para ganhar as próximas. E não é com um resultado apertado, mas sim com uma maioria absoluta claríssima. No entanto, tal só poderá acontecer se não se repetirem os erros de 2009, ou seja, a campanha não pode ser centrada na pessoa de Sócrates. Também não pode ser obcecada pelo passado ou pela questão de que os Portugueses já estão saturados: “De quem é a culpa da crise ou da entrada do FMI?”. Esse é o jogo que o PS quer jogar.
A crise instalada em Portugal parece, pelo menos, estar a ter o efeito de fazer os Portugueses entenderem a realidade. E a realidade é a falência do Estado enquanto paizinho que nos acode a todo o momento; é a falência do Estado Social como nós o conhecemos; é a falência do modelo empresarial do Estado, onde proliferam empresas públicas mal geridas, viciadas por interesses instalados e dominadas por sindicatos irresponsáveis do século passado. Acabou-se! Já não há mais dinheiro para isso! E hoje os Portugueses não têm outro remédio senão entenderem isto.
Portanto, a discussão eleitoral não pode ser entre Sócrates vs Passos, socialismo vs liberalismo. A discussão é apenas entre ilusão vs realidade.
* post também publicado no 31 da Armada
"Se a situação económica e financeira se agravar, se houver dificuldades em relação aos bancos, se continuarem a aumentar taxas de juros, o ‘rating’ do Estado e dos bancos caírem e não se puder esperar até Junho, um Governo de gestão tem de ter esse poder".
"A Assembleia pode intervir e a comissão permanente convocar o plenário da Assembleia. Os deputados mantêm-se em funções até à tomada de posse do futuro Governo".
"A Assembleia não acabou, continua. Se houver alguma medida que exija uma decisão da Assembleia, se não puder ser a comissão permanente a decidir, esta pode convocar o plenário".
Eis o estado de irresponsabilidade a que chegámos...
Ouvi Teixeira dos Santos hoje dizer que "o senhor Presidente é a única entidade" com capacidade para assinar um resgate financeiro. Há dois meses o mesmo Governo dizia que Cavaco era o "presidente reeleito com o menor número de votos de sempre" e "o que foi reeleito com a menor percentagem de sempre" o que indiciava que "não alargou a sua base de apoio" durante o primeiro mandato.