Os hackers continuam a mandar abaixo sites, Soares quase que pede uma revolução, Seguro dá a mão às manifestações porque a austeridade não está repartida (via RR), a extrema-esquerda pede mais greves gerais (Luís Fazenda, Sic Notícias), da concertação social não sai fumo branco, os banqueiros continuam a atirar-se à 'troika' (Ulrich), há quem diga que o euro tem semanas de vida (Pintassilgo) e a criminalidade aumenta (RTP e Sic). O VPV dizia há uns quatro anos "o mundo anda perigoso". Andava. Agora casou-se com as labaredas.
Estes senhores são muito lestos a disparar para a direita - e fazem-no, até, com destreza e 'savoir faire' - mas incapazes de se ver ao espelho. Será que ainda não deram pelo conflito aberto que vai na bancada do PS?
Se há momento para aproximar a UE da Turquia é este: monitoriza-se a emergência dos partidos islamistas na sua vizinhança e forjam-se novos círculos de poder dentro da UE capazes de limitar o directório franco-alemão. Razões de sobra para que regresse o debate.
Hoje no Diário de Notícias
Acabo de ver pela primeira vez que há um penalti não marcado a favor do Sporting! Aos 48:35 Obi-kué-ú é impedido de chegar à bola...[o jogo falado faz milagres]
O derby voltou. O grande jogo por que vale a pena ir à bola, fugir da tv, beber uns canecos e gritar bem alto o nome do nosso clube, da nossa paixão eterna, aquela que nunca mudará nem será trocada por nada. Este sábado o grande derby regressou. Já tinha saudades. Do cortejo até ao galinheiro, da rivalidade nos últimos tempos meio adormecida, de ter uma equipa capaz de lutar pela vitória. Nos últimos anos isto andava mais próximo da ópera do que de um derby. Venha o próximo.
"Quando sair este jornal, a Maria João e eu estaremos a caminho do IPO de Lisboa, à porta do qual compraremos o PÚBLICO de hoje. Hoje ela será internada e hoje à noite, desde o mês de Setembro do ano passado, será a primeira vez que dormiremos sem ser jun...tos.
O meu plano é que, quando me expulsarem do IPO, ela se lembre de ir ler o PÚBLICO... e leia esta crónica a dizer que já estou cheio de saudades dela. É a melhor maneira que tenho de estar perto dela, quando não me deixam estar. Mesmo ficando num hotel a 30 passos dela, dói-me de muito mais longe.
O IPO consegue ser uma segunda casa. Nenhum outro hospital consegue ser isso. Podem ser hospitais muito bons. Mas não são como uma casa. O IPO é. Há uma alegria, um humor, uma dedicação e uma solidariedade, bem-educada e generosa, que não poderiam ser mais diferentes da nossa atitude e maneira de ser - resignada, fatalista e piegas - que são o default institucional da nacionalidade portuguesa. É graxa? Para que tratem bem a Maria João? Talvez seja. Mas é merecida. Até porque toda a gente que os três IPO de Portugal tratam é tratada como se tivesse direito a todas as regalias. Há muitos elogios que, não obstante serem feitos para nos beneficiarem, não deixam de ser absolutamente justos e justificados.
Miguel Esteves Cardoso, "Público", 28 Novembro de 2011
E se os adeptos do Benfica fossem sentadinhos no fosso com umas televisões a projectar o jogo aos quadradinhos?
1. Foi uma "troca de informações" win-win: PS e PSD saem a ganhar depois de ter sido aumentado o tecto mínimo dos cortes na função pública e de ter sido alargado o tecto máximo.
2. Para o Governo era mais importante dar um sinal de abertura ao PS, do que para o PS dar um sinal de que condicionou o Governo.
3. Seguro poderia ter ido mais longe mas isso implicaria o reconhecimento de que não existe "almofada".
4. Quem perde são todos os portugueses não abrangidos por esta revisão do OE.
A vidinha está difícil, a coisa vai mesmo a apertar. Depois do galinheiro em que tornaram o Estádio da Luz, qual capoeira qual quê, só faltava ver um galináceo a falar de fossos e companhia. A vida já está uma selva, para quê complicar?
Anda para aí um tipo com muita vontade de conhecer o meu curriculum vitae. Eu bem sei que ele está numa fase em que está a oferecer empregos, mas parece que para a triste figura é preciso ser arguido para se ir para a instituição que agora dirige. Não cumpro assim sendo um dos requisitos necessários.
Por outro lado, é conhecida a capacidade do indivíduo em converter todos os sítios onde passa em circos. Como não tenho jeito para palhaço, e mesmo que tivesse, essa função fica sempre a cargo dele - e nisso é imbatível -, não estou a ver onde me podia encaixar.
No fundo, o tipo é um querido. A mim diverte-me, o que já não é pouco nos tempos que correm.
Mas há margem para o pior acontecer: mais marginalização dos coptas, das mulheres e dos "facebookers"; a Irmandade impondo programa sectário; a ausência de líderes responsáveis. E só eles poderão evitar uma guerra civil.
Hoje no Diário de Notícias
"Portugal teve tantas greves gerais nos últimos 90 anos quantas os gregos tiveram no último ano: 8". Ouvida no Expresso da meia-noite, Sic-Notícias.
Além do timing, também o tempo é tudo em política. E já se percebeu que o tempo dos generais no poder do Egipto terminou. Nisso, islamistas, secularistas, liberais, desempregados, funcionários públicos ou empresários, estão de acordo. O grande desafio vai ser estarem de acordo sobre tudo o resto.
Ontem no Diário de Notícias
Tal como o Pedro (e também como o Francisco), não gosto de censurar os gostos dos outros, cuscar os seus mais íntimos vícios ou saber se eles andam em turística ou em primeira classe. Acho mesmo que esta obsessão vouyeur instalada em Portugal, com o único objectivo de queimar o carácter das pessoas (sem qualquer direito a defesa) e de alimentar capas de jornais, está a minar fatalmente a discussão política.
Ainda assim, é um facto que o sindicalismo em Portugal está há décadas deitado numa confortável espreguiçadeira, sob a sombra de uma bananeira, a fumar um belo Cohiba e a ler uns papéis que dizem sempre a mesma coisa. É degradante e mesmo chocante ver professores sindicalistas que não dão uma aula há 30 anos, operários sindicalistas que nunca sentiram o esforço de trabalhar numa fábrica e cobardes que se organizam em matilhas raivosas (denominadas piquetes) para condicionarem a liberdade daqueles que querem ter o direito a não fazer greve. Muitos destes profissionais do sindicato, na sua absoluta recusa em aceitar a mudança, nunca protegeram os trabalhadores, mas sim os próprios interesses de sobrevivência dos sindicatos e outros interesses instalados que ajudaram o país a falir.
Portanto, com algumas excepções, o movimento sindical português não me merece grande consideração.
Quanto à greve, é obviamente um direito basilar e inalienável de qualquer democracia, mas escusam de a chamar geral. São greves do sector público e pouco mais…e 99% deste “pouco mais” são aqueles que não conseguiram ir trabalhar por causa da greve dos outros.
"Ainda não tivemos movimentos de grande comoção cívica e protestos no meio da rua. Por enquanto, tudo está dentro das regras de funcionamento de um país democrático, como é o nosso, e esperemos que assim continue e que a crise seja vencida" - Eduardo Lourenço.
A imagem não é tudo, mas para quem faz do palco público a sua vida...conta muito. A imaginação é um campo sem limites, mas é muito condicionada pelas imagens que fixamos. A última imagem que fixei de João Proença foi esta, publicada pelo Sol há seis dias. Cruzemos a imagem com a imaginação e troquemos João Proença por Pedro Passos Coelho, que nos prometia um Governo frugal e realista. Hoje se ouvisse, em dia de greve geral, o primeiro-ministro no Fórum TSF, não precisaria de fechar os olhos e recordar a tal imagem (Passos, refastelado numa cadeira à beira da piscina com um charuto na boca) porque todos os sindicalistas (encartados ou não) a levariam estampada em cartazes para a Praça do Rossio. A última imagem que fixei de Cavaco Silva foi a de um staff sem fim que o acompanhou aos Açores. A última que fixei de Sócrates foi a de um grande discurso feito por um mau primeiro-ministro. A liberdade de opinião é, assim, como a liberdade de imaginação: não paga imposto, só responsabiliza o próprio e não se confunde com amizades. Ainda bem.
Quanto à greve digo o óbvio: todos têm direito à greve, mas todos devem ter o direito a trabalhar.
Não é preciso voltar a lembrar que a opinião neste blog é livre e apenas vincula quem a exprime. Isto para dizer tão somente que discordo em absoluto do que o Francisco escreveu e deixou implícito aqui em baixo.
Não sei o que diacho tem a ver a actividade sindical do João Proença, pessoa que muito considero, com as suas viagens, onde fica, em que lugar do avião se senta, se fuma cigarros ou charutos ou o que faz com o seu dinheiro.
Se não conseguimos distinguir o que é a sã discussão política, as divergências normais de opinião em democracia e as misturamos com remoques pessoais completamente inapropriados, caímos apenas no campo da má língua e maledicência barata. Custa-me muito ver isto num sitio onde escrevo e, sobretudo, ver uma pessoa de quem sou amigo escrever o que escreveu.
Enquanto ouvia João Proença a perorar sobre piquetes, muitos direitos e deveres intermitentes, uma imagem não me saía da cabeça.
A notícia da greve sempre foi a percentagem de grevistas. A partir de hoje será a percentagem de piquetes.
O barómetro deste mês diz-nos três coisas:
1. O PSD cresce, o PS está estanque, os pequenos partidos caem.
2. Passos Coelho é o mais popular dos protagonistas políticos.
3. Ninguém vislumbra alternativa ou "novo rumo".
Apesar da austeridade anunciada e sentida, acima do que sucedeu no passado em circunstâncias idênticas, é a tendência natural das coisas. Seguro terá uma vida difícil se quiser chegar a 2015.
Jardim, dizem, já levava carrinhas cheias de eleitores até às urnas. Agora inovou: mete um deputado no parlamento regional a votar por 25.
Como sempre, em boa forma.