A generalidade da opinião pública vai dizer que Garzón está a pagar por ter sido o corajoso a meter os poderosos na ordem. Mas não é verdade! Foi condenado porque as democracias devem proteger os Juizes, mas não podem tolerar os justiceiros.
Em Portugal, Espanha ou em qualquer parte do mundo democrático, os fins não podem justificar todos e quaisquer meios.
Nunca se esqueça disso, Senhora Ministra da Justiça.
Talvez a grande questão destas primárias, até à clarificação na superterça-feira (6 de março), seja esta: é Santorum a alternativa conservadora a Romney ou uma alternativa conservadora a Obama?
Hoje no Diário de Notícias
Sempre considerei uma pieguice a actual discussão em torno da liberdade de imprensa e da suposta censura em Portugal. Já o foi aquando da polémica em torno do afastamento de Manuela Moura Guedes e continua a ser a propósito do fim do programa da Antena 1. Basta olhar para as capas de jornais e conteúdos “informativos” de grande parte dos nossos Media, para se concluir que liberdade de imprensa e de opinião é coisa que não falta por aqui. Aliás, muitas vezes o que falta é responsabilidade (algo que, no meu entender, deveria estar sempre associado à liberdade), pois não raras vezes o que se faz, dolosamente, é difamar, difundir falsidades e alarvidades, numa roda absolutamente livre, intocável e irresponsável.
Existirão pressões? Acredito que sim. Mas a pressão faz parte da vida e é praticada, mutuamente, por jornalistas, políticos e opinião pública em geral. Não existem santos nesta matéria, mas não vale a pena dramatizar. Quem não sabe lidar com pressões, mude de vida. Não opine, não julgue, não lidere! E, já agora, não seja piegas.
Alberto João Jardim até tem alguma razão (e o "alguma" está aqui não por acaso), quando diz que Merkel fez declarações "ignorantes" sobre o uso de fundos estruturais na Madeira. Mas como conta a história do Pedro e do Lobo, hoje ninguém fora da ilha acredita em Jardim. Nem mesmo os madeirenses que fora dela vivem.
No primeiro episódio prometia-se mundos e fundos. Se a memória não me falha, até se ouviu falar em censura política na RDP. Agora que a novela chega ao fim é já fácil perceber o que está em causa: uma discussão de pessoas e não de instituições. Ainda bem.
"Não leia, isto é 75 anos de velho
A agência de rating Moody's baixa a nota da Grécia; as taxas de juro explodem; o país declara falência; a população revolta-se; o exército toma o poder, declara-se o estado de urgência e um general é entronizado ditador; a Moody's, arrependida pelas consequências, pede desculpa... "Alto!", grita-me um leitor, que prossegue: "Então, você começa por dizer que vai recapitular e, depois de duas patacoadas que todos conhecemos, lança-se para um futuro de ficção científica?!" Perdão, volto a escrever: então, recapitulemos. Só estou a falar de passado e vou repetir-me, agora com pormenores. A Moody's, fundada em 1909, não viu chegar a crise bolsista de 1929. Admoestada pelo Tesouro americano por essa falta de atenção, decidiu mostrar serviço e deu nota negativa à Grécia, em 1931. A moeda nacional (dracma) desfez-se, os capitais fugiram, as taxas de juros subiram em flecha, o povo, com a corda na garganta, saiu à rua, o Governo de Elefthérios Venizelos (nada a ver com o Venizelos, atual ministro das Finanças) caiu, a República, também, o país tornou-se ingovernável e, em 1936, o general Metaxas fechou o Parlamento e declarou um Estado fascista. Perante a sua linda obra, a Moody's declarou, nesse ano, que ia deixar de dar nota às dívidas públicas. Mais tarde voltou a dar, mas eu hoje só vim aqui para dizer que nem sempre as tragédias se repetem em farsa, como dizia o outro. Às vezes, repetem-se simplesmente".
Portugal fez duas privatizações extraordinárias se tivermos em conta o contexto (do euro aos downgrades que ocorreram já durante o negócio), o capital atraído e os prazos apertados. Passos Coelho usava o sucesso das privatizações - os 25% da REN e os 21,35% da EDP- quando pediu para o país não ser piegas. É não conhecer Portugal. Ou pedir a um sportinguista para não sofrer. Ou a um comentador do PSD para não criticar o governo...do PSD.
Merkel usou a aplicação de fundos europeus na Madeira como um exemplo do que não deve ser feito. Mal sabe a senhora que o Carnaval está à porta....
"Rui Rio acusava-o de laxismo".
"Emigrem as pieguices por favor..."
A boa notícia é que há mais um ditador com os dias contados. A má notícia é que têm tudo para ser sangrentos. Com ou sem intervenção externa.
Hoje no Diário de Notícias
"E se o Governo tivesse anunciado que com o fim dos feriados acabava também o Carnaval"?
"O que diriam as claques do 5 de Outubro e do 1º de Dezembro"?
Três meses depois de ter sido o rosto da maior derrota da história do PSOE, Rubalcaba é eleito secretário-geral por uma curta margem. O partido não está unido, mas a principal questão é outra: o que o levou a dar a vitória a alguém que não há muito tempo lhe deu estrondosa derrota?
Hoje no Diário de Notícias
Há quem diga que são símbolos. Ok. Talvez. Mas eu não entendo. Uma abertura do ano judicial em Janeiro quando tudo começou em Setembro e a compra da Boa Hora, no Chiado, onde não há estacionamento e quando o Estado em geral e o ministério da Justiça em particular querem é vender edifícios. Gosto de símbolos? Sim. Mas dos que continuam a fazer sentido. Não destes.
Hoje tive um pesadelo. Só pode ter sido isso: um pesadelo. A dívida pública superava os 110% do PIB, sete meses depois do PS sair do Governo (por onde andou 13 dos últimos 15 anos) e um dia depois do líder do PS dizer que não assinou nem negociou com a 'troika'.
Quem já fez rádio, quem já acordou durante uns aninhos às 5 e 6 da manhã para entrar num estúdio sabe do que falo: a magia do microfone. Há seis anos que não entro num, mas acompanho como ouvinte o que lá se passa e estou a gostar da luta pela pole position: Comercial vs. RFM. Um sinal de que o mercado funciona.
Morreu frente a um quiosque
Esta semana, o poeta e jornalista Fernando Assis Pacheco faria 75 anos e foi homenageado. Ele morreu em 1995 - à montra ou dentro de uma livraria, a lenda varia. O crítico José Mário Silva diz que o escritor galego Torrente Ballester lhe dedicou frase épica: "Morreu junto aos livros, no seu posto, como soldado no campo de batalha." Trabalhei no semanário O Jornal, um dos jornais de Assis, mas não fomos amigos. Amigo foi José Cardoso Pires que, convidado a testemunhar num aniversário da sua morte, recusou: "Não falo. Tenho muito mau perder." Assis tinha olhos que sorriam, rasgados, na redação conheci camaradas fascinados pelo seu charme e sei que a amargura pela perda do amigo poderia ser dita por muitos (embora frase tão exata só de Cardoso Pires). Esta semana houve biografia (Trabalhos e Paixões de Fernando Assis Pacheco, de Nuno Costa Santos), documentário e muitos textos em jornais. Fiquei com a sensação de que o jornalista levou uma abada do poeta (não peço perdão pelo futebolês, Assis também foi cronista desportivo) - versos evocam-se melhor. E por isso estou aqui a protestar. A notícia certa seria: "Morreu frente a um quiosque..." Um dia, com ele vivo, Miguel Esteve Cardoso escreveu: "Obrigado a Assis Pacheco pelo favor de nos escrever." MEC falava do jornalista, fazedor de textos efémeros e em papel para o lixo. Agora, lidos os jornais e revistas da semana, e com ele morto, meço o favor que perdemos todos.
Ferreira Fernandes
Não tenho visto, mas segundo aqui o Francisco, Marcelo Rebelo de Sousa tem pedido um Ministro da Presidência do Conselho de Ministros. Provavelmente, pensa que é preciso alguém que seja capaz de construir um discurso político, tenha o mínimo de cultura política e seja capaz de coordenar a actividade dos vários ministérios.
Até agora esse papel tem sido desempenhado por Miguel Relvas, e a coisa não tem corrido bem, ou melhor, tem sido um desastre. É que para fazer política e sobretudo governar é preciso um bocadinho mais do que ter habilidade para telefonar a jornalistas e controlar secções do partido.
[Fecho os olhos e vejo a bancada parlamentar do PS] E Silva Pereira? E Vieira da Silva? E Zorrinho? E Alberto Martins? E Canavilhas? E Pedro Marques? E Fernando Medina? E Helena André? E Paulo Campos? E António Serrano? E António Braga? Ao contrario de Seguro estes 11 deputados estiveram no ultimo Governo, o que fechou o resgate com a troika. Tal como Seguro, os 11 candidataram-se a eleições sem criticar a venda da REN.
Há três semanas que Marcelo pede um ministro para a Presidência. Antes de ele avançar para a outra Presidência.
Desenganem-se os que esperam que A Dama de Ferro seja sobre o thatcherismo. Não é. É um filme sobre Thatcher, o que não é exatamente a mesma coisa. Posso dizer-vos que é a ambivalência da sua história a marca do argumento. Obstinada a não ser uma dona de casa, entra na arena política dos homens para marcar uma rutura ideológica, não um combate de sexos.
Hoje na Notícias Magazine
Jardim deve convidar António Capucho para encabeçar o folião deste ano na baixa do Funchal. Pode ir mascarado de político sério e responsável.
Rubalcaba pediu apenas o que os 23 votos que teve a mais do que Chacón nunca lhe darão: unidade. Quanto ao cambio, ele chegará quando o PSOE tiver um líder a sério. E bem precisa.
Ou seja, há razões válidas para um ataque preventivo, mas há razões tão ou mais fortes para o não levar a cabo.
Hoje no Diário de Notícias