E perante a crise para a qual nenhum europeu se preparou emerge uma superestrutura como mal necessário: federalismo político para acomodar uma moeda comum. O principal mérito do Tratado Orçamental, hoje em referendo na Irlanda, é mesmo esse: formalizar politicamente um conjunto de práticas orçamentais para que a Zona Euro e a UE não voltem a passar por semelhante crise.
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Depois, convém dizer que o senhor Annan está longe de ser o melhor enviado da "comunidade internacional" para travar massacres ou para reforçar a credibilidade de um plano de paz. Enquanto alto responsável da ONU falhou no Ruanda e saiu da secretaria-geral envolto no escândalo do programa "petróleo por alimentos" para o Iraque. Para ter força negocial e punitiva em caso de incumprimento é preciso que tenhamos o mínimo de credibilidade. Juntemos a perda de influência dos EUA pós-Iraque e Kofi Annan a impor a paz e chegamos ao cúmulo da fragilidade.
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Há quem defenda que só depois de aberto um canal oficial de negociação direta entre Washington e Teerão será possível obter resultados. É um argumento válido, que Obama timidamente tentou quando tomou posse. Quatro anos depois, pouco ou nada mudou. De Teerão não chegou nem vontade nem ações que permitam credibilizar a sua posição. Tem sido prejudicial no Iraque, no Afeganistão, na Síria e em Gaza. Curiosamente, quatro focos onde EUA e Irão um dia vão ter de se entender.
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Podem ler o artigo todo hoje no Económico.
Está mais animada a campanha nos EUA. Nas últimas semanas, foram muitos os ingredientes que esfriaram a inevitabilidade da reeleição de Obama.
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O tema não é novo, mas tornou-se esmagador. O Pedro Lomba escreveu um bom artigo há umas semanas sobre mais essa singularidade lusitana: o político comentador. Tirando algumas boas excepções de comentadores políticos, abrimos hoje as televisões e só vemos políticos comentadores. No activo, no pause, em trânsito. Com uma agenda de que fazem parte, com palavras medidas ao milímetro, sem acrescentar nada ao debate. Comentam a política na qual são parte activa e interessada. No fundo, não têm grande culpa no cartório. Limitam-se a aceitar o convite. Só cá.
Percebemos de que matéria é feita a cabeça de quem dirige alguns dos media em Portugal, quando o internacional é a primeira vítima da austeridade. Isto quando tudo o que nos afecta diariamente é cada vez mais provocado, influenciado e decidido lá fora. Os que souberem contrariar as vistas curtas estão mais bem preparados para o dia seguinte.
Perguntem a qualquer alto funcionário da UE sobre os efeitos imediatos para a zona euro gerados pela saída da Grécia da moeda única. A resposta é um padrão: ninguém sabe ao certo. Não há plano de contingência à altura do maior desafio da história da integração europeia, mas haverá uma avaliação imediata à UE caso o cenário se concretize: a estratégia para lidar com uma pequena economia da zona euro falhou.
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E quando se quer pensar segurança e defesa neste país, o que é que se faz? Convida-se a Leonor Beleza, a Fátima Bonifácio, o Balsemão e o Canotilho. Dizem que é para se fazer uma "reflexão global". Sobre o século XXI, claro.
"Timor, apesar de tudo", título do meu artigo de Sábado no DN.
"Timor-Leste, apesar de tudo", título do editorial de Domingo no Público.
Anda por aí muita falta de imaginação, de facto.
Podemos dizer que Timor-Leste é um caso de sucesso no histórico de falhanços das missões da ONU. Apesar dos momentos de violência, uma Constituição foi aprovada, conduziram-se eleições representativas, há investimento estrangeiro, regime fiscal atrativo e um potencial turístico enorme. Tem riqueza energética, está geograficamente bem colocado, tem uma ponte com a lusofonia e a Europa e está a caminho de entrar na ASEAN. Falta o resto.
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A crise financeira atingiu a Aliança como um raio e obrigou-a a reformular esta questão: já não chega dizer que os EUA são 75% do orçamento da NATO e que os europeus têm de fazer muito mais para que Washington não desligue o interruptor - a austeridade também chegará ao Pentágono em 400 mil milhões de dólares nesta década. É necessário gastar melhor, ser tecnologicamente mais capaz e evitar operações de longa duração, como o Afeganistão.
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Deputados do PSD/M abandonaram o hemiciclo na apresentação de voto de pesar pela morte de Miguel Portas. (DN)
Pedro eu acreditei em Obama. Ainda acredito, acredito menos mas ainda acredito. Lembro-me do discurso memorável que ele, um homem de esquerda, fez em Detroit em 2008 contra os que queriam tudo na mesma, os que queriam uma política económica sem sentido, errada. Ele queria uma economia competitiva, queria criar condições para o crescimento económico e para a criação sustentada de emprego. "Neste momento decisivo é altura de dizer chega!". Para mim, Passos Coelho disse o mesmo. Vamos arregaçar as mangas e fazer das dificuldades oportunidades.
A economia francesa não é competitiva como teria de ser, e sem alguns compromissos Hollande está limitado nas exigências. Sobre isto, três pontos: este eixo é determinante mas não esgota a política europeia; o ocaso da Comissão prejudica sobretudo os pequenos Estados, como Portugal; a crise grega revela a gestão calamitosa de uma moeda única sem escudo político comunitário à altura.
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