Estamos por isso de regresso a uma dupla clivagem no debate político: entre as duas campanhas e entre os partidários de Romney. As duas favorecem Obama. Quer isto dizer que Obama não vai enfrentar problemas com a aplicação das mais de duas mil e quinhentas páginas da reforma? Claro que vai.
Hoje no Diário de Notícias
A não retaliação de Ancara e a aproximação a Washington (e à NATO) traz água no bico: internacionaliza a ameaça que é Assad, coordena com o calendário de Obama e mostra que é um actor regional sintonizado com a oposição síria e não um intruso ocidental quem está na disposição de liderar a viragem na Síria. Tudo isto faz sentido. Só não sabemos quando.
Hoje no Diário de Notícias
A peregrina ideia de dar ao Ministério Público o poder disciplinar sobre os advogados só pode ser brincadeira. É mais ou menos a mesma coisa que meter o Benfica a controlar a disciplina do Sporting ou o Pinto da Costa como relator de um processo disciplinar movido contra Luís Filipe Vieira.
É uma ideia própria de quem tem uma noção muito pessoal do Estado de Direito, pelo menos completamente contrária às regras da sensatez.
Hoje, depois de ler um post, lembrei-me do título duma música do Sérgio Godinho. Chama-se "Pode alguém ser quem não é ?"
Sai esta semana a Relações Internacionais (34) dedicada às eleições americanas, ao mandato de Obama, à política externa americana mais recente. Da minha parte, um paper sobre o Iraque na era Obama.
Vivemos tempos singulares. Históricos, até. Não há notícia ou tratamento jornalístico de "notícias" que não sejam forçadas a entrar na história. São as cimeiras que são históricas. O calor que é histórico. As cheias que são históricas. Tudo é histórico. É tão patético que aflige quem cresceu sempre com 40 graus no Verão, ruas alagadas no Inverno, cimeiras atrás de cimeiras que só são históricas porque passaram mesmo à história. Grande parte da agenda noticiosa é tão preguiçosa como fútil, pastosa como desinteressante. Mesmo com o mundo económico, social e político a mudar a um ritmo alucinante, a generalidade dos media nacionais não saem da caixa. Deve ser por isso que tudo fora dela parece forçosamente histórico.
Mas a vitória de Morsi quer dizer algo mais. Primeiro, que a Irmandade está disponível para jogar as regras definidas pela junta militar, caso contrário não aceitariam a presidência depois da golpada da última semana e optariam pela a contra-revolução nas ruas. Segundo, que os militares ganham espaço político interno e externo. Por um lado, aceitam os resultados das presidenciais, não entrando em conflito com Morsi; por outro, legitimam as eleições e convergem com EUA, países árabes e Israel. Terceiro, os próximos seis meses definirão o rumo do Egito.
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DN de domingo
As notícias que dão Moscovo a planear retirar os 100 mil cidadãos que estão na Síria ajudam-me num raciocínio. A guerra civil - com oposição e governo armados pelo exterior - está aí e será o motivo para virar a posição de Moscovo (e Pequim) na ONU, criar uma zona de exclusão aérea, dando início a bombardeamentos ao aparelho militar de Assad capaz de criar as deserções necessárias à rendição.
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Pode ler o meu artigo completo hoje no Económico.
O que sobra de Mubarak chega para anular estes últimos 16 meses. O Egito voltou à estaca zero, com uma diferença que traçará a fronteira entre nova ditadura militar e uma guerra civil.
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A UE terá que ter isto em conta se não quiser ter o Syriza no governo daqui a uns meses e uma grave rutura interna sem assistência médica. Mas também isto levanta nova questão: pode o Governo português (ou o irlandês) aprovar uma flexibilização à Grécia resistindo a aproveitar o precedente? Que dirão os portugueses que mais têm sofrido se Lisboa não jogar essa cartada? Para o bem e para o mal, tempo e timing continuam vitais em política.
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Viriato Soromenho Marques também anda com pouca imaginação para títulos.
Há uma imensa responsabilidade das autoridades gregas, como há uma receita externa que não resultou. Esta é a conclusão a um dia das eleições. Se o objetivo é expulsar Atenas do euro, não estamos longe de o conseguir. Se o objetivo é punir, responsabilizando os gregos, ressuscitando a "teoria da vacina" de Kissinger dos anos 1970, talvez todos já tenham tomado a sua dose.
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Não sei se já repararam mas há uma praga a infectar os textos de opinião nos jornais portugueses: o uso e abuso das reticências. Tem sido penoso ver esta "essemização" (de sms) da escrita, uma grotesca fórmula encontrada por alguns para divagar em pensamentos e, julgo eu, pôr o leitor a acompanhar a introspecção. Poupem-nos. Uma coisa é assassinar o português como fazem alguns, outra é esmurrar a cabeça dos leitores.
Enquanto parte deste mundo anda preocupada com a Banca, outra vive obcecada pela água. Nem falo de disputas nos grandes mares, por rotas comerciais, competição naval ou exploração de petróleo. Falo daquela pequena percentagem de recursos que emana dos rios e bacias hidrográficas, usada em 70% para a agricultura e causa de temor existencial para muitos povos no Norte de África, Médio Oriente e Ásia do Sul, mas também da África subsariana e da Ásia Central. Equação prevista: escassez de água, insegurança alimentar, alta dos preços, mais revoltas como aquelas que temos assistido no "mundo árabe".
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"A somalização da Guiné-Bissau é uma derrota da política externa portuguesa, da CPLP e da ONU. Toda a gente sabe o que se passa há anos - há até quem "pressinta" os golpes - e ninguém mexeu uma palha. Não é, na verdade, caso único". (No DN, em 15 de Abril). Hoje, o Público refere que "o SIED já estava alertado, pelo menos com uma semana de antecedência, para o golpe militar".
Ter, como em Portugal, mais ministros nomeados (4) do que eleitos por um dos partidos da coligação (3) é perverso do ponto de vista democrático. A crise que passamos vergou os governos a funcionários internacionais e hiperburocratizou as democracias. Não precisa que cortemos o oxigénio que alimenta a máquina.
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Há doze meses consecutivos que o desemprego sobe em França. Entre jovens, na esteira de outros exemplos na Europa e tendo em conta que 30% votaram em Le Pen nas presidenciais, nunca é tarde para elevar este problema ao topo da agenda europeia. A grande questão é saber a receita para o combater: se o Estado volta a ser o patrão temporário desta geração ou se os governos criam as condições para as empresas se sentirem motivadas a contratar mão de obra qualificada. Um remedeia a doença. O outro ajuda a curá-la.
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