Está tudo vidrado na Casa Branca, mas a eleição para o Congresso é tão ou mais decisiva. Basta olhar para os dois últimos anos para percebermos como pode uma administração ficar atada nos meios (financeiros) e objetivos (políticas). Daqui a quatro dias, toda a Câmara dos Representantes e um terço do Senado vão a votos. E o mais provável é que as maiorias se mantenham divididas, o que complica a ação do executivo, qualquer que ele seja. A discussão do orçamento vai ser azeda, o debate mais polarizado, os impostos e cortes na despesa (do Pentágono, por ex.) alvo de combates épicos. O país pode voltar à beira do abismo: na eminência de não ter um orçamento aprovado ou paralisado nas suas funções essenciais. A força do sistema político americano não está na mão forte do seu presidente: vive da separação de poderes, de um interface constitucional incontestado e da legitimidade localista de cada um dos membros do Congresso. A carneirada partidária existe quando não colide com os interesses da circunscrição representada. Quando isso acontece, o presidente que se cuide.
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Clint Eastwood, Sylvester Stallone e Kid Rock estão com Romney. Beyoncé, Oprah e George Clooney apoiam Obama. Que importância tem isto para o eleitorado? Uns, não sendo surpresa, ajudam a segurar apoiantes. Outros são fonte de angariação de fundos (só Clooney conseguiu 15 milhões) e de influência televisiva ou no Twitter (estudo da Kellogg School diz que Oprah trouxe um milhão de votos para Obama em 2008). Mas decidem as presidenciais? Evidente que não. E o apoio dos jornais? O rol de endorsements faz parte do puzzle de influência eleitoral que nenhuma campanha enjeita. De há quatro anos para cá, nenhum editorial passou de apoiante republicano para Obama, mas dois fizeram via inversa, logo num par de swing states: o Des Moines Register (Iowa), cujo último apoio republicano foi a Nixon em 1972, e o Orlando Sentinel (Florida). Não decidem no plano nacional, mas exprimem argumentos pausadamente lidos e trabalhados localmente. E isso pode decidir lugares no Congresso, a corrida paralela de que ninguém fala.
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