Hoje, no i, um artigo de Catarina Falcão à volta do meu livro. (aqui)
O PS pode não concordar com a reforma do Estado? Pode. Pode não concordar sequer com a sua necessidade? Pode. Pode contestar a dimensão da reforma? Pode. Pode debater o impato e a necessidade de uma reforma do Estado? Pode. Pode debater a reforma do Estado, o seu impato e a sua necessidade caso o debate ocorra numa universidade pública? Pode. Pode debater a reforma do Estado, o seu impato e necessidade caso o debate seja feito no Parlamento, com os representantes dos portugueses, legitimamente eleitos? Não. Para este PS, não. Essa coisa de debater no Parlamento a reforma do Estado está fora de questão. Ainda para mais com os representantes do povo. Isso é que não. Está tudo dito.
A riqueza de espírito do Papa dos pobres.
Continuo a acreditar que o problema não é o peso que tem no Governo. Mas a falta de um contrapeso.
A Cimeira das Lajes, quinta opção depois de passar de bilateral (EUA e Reino Unido) a "três-mais-um", é não só uma reação ao eixo Paris-Berlim-Moscovo como uma sugestão de Aznar a Bush em articulação com Barroso. Belém e São Bento geriram a convivência com articulação. Deu- -se a primeira rutura no consenso partidário em política externa. Garantiu-se, então, a manutenção de Oeiras na hierarquia de comandos da NATO. E Barroso tirou partido individual do seu protagonismo, decisivo para Blair o projetar na reta final do processo de escolha para a Comissão Europeia. Foi aberta uma crise política em Portugal e o resto da história é conhecida. É por estas e por outras que mantenho a minha tese: política internacional não é coisa do além, é política interna pura e dura.
Hoje no Diário de Notícias
O Governo de Riga foi o primeiro da UE a pedir assistência a Bruxelas e ao FMI desde que a crise deu à tona em 2008: 7,5 mil milhões de euros. Envolta numa tremenda bolha imobiliária fruto da mão larga da banca sueca, levou um tombo valente no plano de ajustamento da sua economia. Na verdade, ajustamento é piada: foi mais um caterpillar a varrer a sociedade báltica. O PIB caiu 25%, o desemprego quadruplicou para os 22%, os preços do imobiliário caíram 70% e 10% da população emigrou. O centro-direita no Governo foi curto, grosso e bruto, estratégia elogiada pela senhora Lagarde.
Hoje no Diário de Notícias
Do fim para o centro do Mundo. Assim esperamos.
O perigo vem da "zona desmilitarizada", paradoxo à realidade, quando lá se concentram 65% das forças militares norte-coreanas. A ação procura condicionar futuras resoluções que voltem a incidir nos fluxos de capitais da elite e ponham em cheque a coesão à volta de Kim Jong--un. Diga-se que as ameaças de Pyongyang para retrair o Conselho de Segurança também não têm tido sucesso. Ou seja, os dois lados chegaram a um impasse. Só uma diplomacia agressiva de que a China costuma orgulhar-se e de que o basquetebolista Dennis Rodman foi exemplo, - pode desatar este nó górdio.
Hoje no Diário de Notícias
Ao contrário de Maduro, o presidente da Assembleia Nacional é um militar encartado, respeitado pelas chefias e, nesta perspectiva, mais próximo da tarimba revolucionária militar chávista. É aqui que reside a primeira incógnita na Venezuela: que solidariedade darão as Forças Armadas ao futuro líder. A tarefa de Maduro não é fácil e, a curto prazo, poderia beneficiar da subida do preço do petróleo por um qualquer evento internacional. Por exemplo, um novo caos no Iraque ou a resolução da questão nuclear iraniana por meios militares, o que tornaria o Médio Oriente num quadro ainda mais dantesco. Só que a alta do preço do barril, sendo excelente para a Venezuela, é terrível para Portugal.
Hoje no Diário de Notícias
ps: Vou estar hoje a analisar este tema no programa "Olhar o Mundo", RTP informação, às 18.30h.
Hoje no suplemento Qi do Diário de Notícias, a pré-publicação do meu livro "A Cimeira das Lajes: Portugal, Espanha e a Guerra do Iraque" (Tinta da China). Faz dez anos no próximo sábado. No dia 20, dez sobre o início da guerra. Dia 21 está marcada apresentação do livro na FNAC do Chiado (19.30). Mais novidades para breve.
Mas vamos ao dia seguinte. Com eleições à vista e bancarrota destapada, Chávez foi senhor de era com altos (PIB, pobreza, desemprego, analfabetismo) e baixos (inflação, dívida externa, corrupção, insegurança). Conquistou espaço e deu autoconfiança coletiva à América Latina, embora não tanta como a emergência do Brasil. Só que o romantismo com que se olha para estas figuras carismáticas tem sempre um preço: quem é solidário na ideologia sente o chão a fugir; quem é solidário por necessidade mostra o cinismo exigido na política internacional. Os primeiros acabam por ser cúmplices da falência dos socialismos, os segundos viverão com a sua consciência. O eleitor decidirá.
Hoje no Diário de Notícias
Diga-se que de Lisboa pouco se tem ouvido sobre a criminalidade violenta em Caracas e que vai ceifando vidas de portugueses trabalhadores e honestos. Quer isto dizer que o melhor que temos a fazer é desejar um novo Chávez, por mero interesse económico? Não. Quer dizer que Lisboa deve apelar a um processo eleitoral clarificador, pacífico e respeitar os resultados. A escolha, para o bem e para o mal, é apenas dos venezuelanos.
Hoje no Diário de Notícias
Basta fazer uma busca nos eventos dos principais think tanks um pouco por todo o mundo, ou trocar impressões com alguns dos seus profissionais, para percebermos o crescente interesse por África. Já aqui tenho reflectido sobre o potencial, a dinâmica, as ameaças e os dramas africanos, tudo alvo de interesse da China ao Brasil, de Portugal à Alemanha, dos EUA à Índia. Por razões distintas, é certo, mas o meu ponto hoje está no momento africano que importa valorizar. Como em Moçambique, por exemplo. Não é só pela nova imigração portuguesa, é pela importância geopolítica que está a ter e terá ao longo desta década.
Hoje no Diário de Notícias
Fui à manifestação. Quem não percebe a abrangência da contestação não percebe nada. As pessoas podem não saber o que querem, mas sabem que não querem isto. Novos e velhos, de esquerda e de direita, pobres e menos pobres.
Num país normal, com um Governo que se desse ao respeito, este senhor já estaria no olho da rua. Com este Governo até é capaz de levar umas palmadas nas costas e toda a gente se rir um bocado da brincadeira. Um tipo que não percebe que trabalhar directamente com um Primeiro-Ministro exige sobriedade, discrição e postura de Estado não pode trabalhar no gabinete do Primeiro-Ministro. Bom, mas se calhar o que lhe pedem são umas piadolas.
Uma vergonha.
Desengane-se quem acha que África está fora do radar dos EUA. Com "estratégia para a África subsariana" aprovada por Obama em junho de 2012, Washington acaba de nomear novo responsável pelo Africom, o comando nascido em 2007 com sede em Estugarda. O general David Rodriguez, ouvido há dias no Senado, traçou o seu plano: o que se passa no Mali tem ramificações e os EUA têm de se preparar melhor para enfrentar a Al-Qaeda e afiliados num continente de potencialidades mas repleto de ameaças. Para Rodriguez, o Africom está a carburar mal e precisa de se adaptar.
Hoje no Diário de Notícias
Um assessor do primeiro-ministro escreveu com ironia sobre as propostas que o PS apresenta como alternativa à política do Governo. Escreveu e deu a cara. É óbvio que um cobarde não compreende e critica. Saudades do tempo em que o PS não se escondia atrás de arbustos.