O que leva um povo a dar maioria absoluta a quem governou nos doze anos que antecederam a hecatombe de 2007/2008? Porque foi penalizada a esquerda (sociais-democratas e verdes) que governou o país nos últimos quatro anos, com média de crescimento em 2,5%, desemprego estabilizado nos 5% e com parte significativa do empréstimo do FMI saldada? A política parece ter razões que a razão desconhece. Mas a direita que vence é a que há oitenta anos governa a Islândia. O corpo estranho na gestão do país é a esquerda e, ao que parece, os islandeses não simpatizam com ela, nem mesmo com uma eficaz gestão da crise financeira.
Hoje no Diário de Notícias
Depois de ter feito estágio na democracia-cristã, Enrico Letta percorreu o caminho muito em voga na idade adulta: engrossou as fileiras do socialismo (Portugal dá cursos intensivos nesta matéria). Parece que esta é a grande vantagem de Letta: conhecer os meandros de todos os partidos depois de os ter frequentado.
Hoje no Diário de Notícias
Não sei o que foi mais triste, o patético e provinciano excesso de citações ou o enterro do presidente da república como construtor de pontes e consensos
Podem não ter resolvido os dramas da Guiné-Bissau, mas têm tudo para ser o princípio do fim da sua podridão sistémica: a detenção e acusação norte-americanas dos narcotraficantes Na Tchuto e Indjai, este último estratega do golpe de 2012 e homem forte da cadeia militar.
Hoje no Diário de Notícias
A CML faliu há poucos anos. Nunca geriu nem quis saber da gestão dos transportes da cidade. Que se enterraram em dívida. Um Governo PS, com António Costa como número dois, faliu o país. Pediu ajuda e deu como garantia, entre outras coisas, a privatização do Metro e da Carris. Agora António Costa já não é (oficialmente) número dois do PS. O PS já não governa. Mas há que pagar a dívida do país e das empresas públicas de transportes de Lisboa que, finalmente, entraram equilíbrio financeiro do ponto de vista operacional. E: dar honra aos compromissos assumidos. Será mesmo verdade que António Costa quer travar nos tribunais a privatização das empresas de transporte da cidade?
Podemos, então, concluir que os autores do ataque em Boston fazem parte de uma jihad internacional com origem no Cáucaso? Para já, não. É aqui que a minha última análise ao ataque de Boston falhou. Arrisquei uma ausência de radicalização islâmica nos autores e esta, ao que parece, existia. Contudo, posso não ter estado longe de duas dinâmicas. Uma, quando não atribuí à Al-Qaeda a autoria do ataque. Mantenho o que disse: podemos estar perante um caso de simples autonomia do planeamento e execução do atentado, o que nos conduz a uma fase deste tipo de terrorismo mais complexa de monitorizar.
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clap, clap, clap...
Tirando os EUA e o Panamá, todos os restantes membros da Organização de Estados Americanos, a mais representativa do continente, reconheceram a vitória de Maduro. Que nos diz isto? Primeiro, que os EUA, mesmo que a razão lhes assista ao temporizar o reconhecimento, não têm uma estratégia para a América Latina capaz de envolver e influenciar uma maioria significativa de Estados. Ao contrário do que se diz, os EUA têm hoje menos peso na América Latina do que no passado.
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Pode ler o meu artigo completo no Diário Económico.
Embora sequencial e em ambiente mediático, arrisco dizer que este atentado terrorista não tem a marca da Al-Qaeda nem de franchisados que atuam com o seu selo. Por exemplo, não foi feito por bombistas suicidas que causariam certamente a devastação sonhada, e também não foi reivindicado, característica habitual de quem procura difundir mensagem global rápida e efusiva. A questão é: são lobos solitários ou temos alcateia?
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Não acompanhei os debates a que o Paulo Pedroso se refere e quer-me cá parecer que não perdi nada, mas a última parte do post dele é tão na mouche, tão na mouche, que deve ser lido e relido.
Numa televisão perto de si.
Maduro pode legitimamente ter ganho estas eleições, mas se está seguro disso não pode iniciar seis anos de mandato envolto em suspeita por metade dos eleitores. A recontagem, confirmando os resultados, seria a melhor forma de gerir a ascensão popular de Capriles por bom tempo. Porque há duas coisas que Maduro não se pode esquecer: metade do país não o quer e a outra tem hoje mais saudades de Chávez do que ontem.
Hoje no Diário de Notícias
Sócrates disse hoje que apresentou primeiro aos portugueses o PEC IV e, só depois, o levou a Bruxelas.
Portas marcou uma dead-line para a remodelação: 6 e 7 de Julho.
"Infelizmente as leis penais não são retroactivas" Ministra da Justiça dixit (Programa "Quem diria" na SIC Notícias)
O Governo mudou a torre de comando e controlo. Entrou gente competente, sem track record nestas lides. Só o tempo dirá se a moeda é boa, má ou apenas diferente.
Quando um candidato a líder de uma nação com a importância da Venezuela diz que Chávez teve dedo na eleição do Papa, que lhe apareceu em forma de um pajarito chiquitito e que quer montar gabinete junto aos seus restos mortais, entramos num filme de animação de baixo custo, estupidificante para os eleitores. Maduro pode vencer com facilidade esta eleição, mas não significa que ganhe o país, lhe dê coesão e maturidade. Maduro, só mesmo o apelido.
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Sobre o narcotráfico na Guiné-Bissau (Entrevista à DW).
A prova de que o chavismo tem vida curta sem Chávez está na obsessiva linguagem usada por Nicolas Maduro sobre o "eterno comandante". Só quem tem a autoconfiança em baixo é que precisa de recorrer a defuntos. Aquilo que Chávez tinha em habilidade e manha política tem Maduro em fragilidade e falta de carisma. Não fosse o estado de comoção do eleitorado e tenho dúvidas de que, em condições normais, Maduro conseguisse a vantagem que as sondagens lhe dão sobre Caprilles. Esta é a primeira grande condicionante da campanha: o fator emocional canalizado em Maduro.
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Depois de vencer um concurso de poesia, a professora de Margaret Thatcher disse-lhe que ela "era uma sortuda". Com dez anos, "Maggy" respondeu-lhe: "Não foi sorte, mereci ganhá-lo." Não é pela poesia que recordo a senhora Thatcher, é pela obstinação em fazer da liberdade individual um programa político e um fim inegociável interna e externamente.
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E de repente parecia que estava tudo a acontecer ao mesmo tempo: moção de censura, o escorraçar do Relvas, a deliberação do Tribunal Constitucional, a revolta do Governo, o Primeiro-Ministro a pedir uma carta de conforto ao Presidente da República, o ranger de dentes de Gaspar e a comunicação ao país de Passos Coelho (é difícil chamar-lhe Primeiro-Ministro quando surge a lembrança daquele discurso).
Gastaram-se muitas palavras, muitas mesmas, e no fundo foi apenas isto: o PS não tem uma alternativa, Passos Coelho achava o seu Ministro Adjunto fabuloso mas não lhe perdoou quando soube que uma das quatro cadeiras que este tinha precisado de fazer para ser licenciado tinha sido através duma prova oral e não escrita..., o Tribunal Constitucional cumpriu a sua função de zelar pela Constituição e de interpretar os princípios da igualdade e da proporcionalidade, o Presidente da República mandou o Governo governar e Passos Coelho tratou de nos informar que estava tudo a correr bem, muito bem mesmo, mas agora o Tribunal Constitucional estragou tudo, ou seja, houve dedinho dos juízes no desemprego, na recessão, no descontrolo das contas públicas, falências etc etc.
A propósito, isto vai piorar.
Pyongyang está a braços com equação limite: o "querido líder" afirma-se no meio militar competitivo e no qual o regime assenta; as armas nucleares dão-lhe o meio apocalíptico para chantagear a região, a troco do fim das sanções e da retirada das tropas americanas da Coreia do Sul. Se esta estratégia intimidar vamos ter histeria em honra do jovem Kim. Se falhar, ou Washington avançou para um ataque preventivo às instalações nucleares ou a Coreia do Norte carregou no botão, dando início à autodestruição. Mas a posição mais interessante é da China. Condenou os testes nucleares, aprovou sanções e desaprovou a conduta extremada norte-coreana. Tê-la como zona tampão tem sido matéria de interesse nacional, mas a verdade é que isso não inibiu os EUA de permanecerem na Coreia do Sul e no Japão. Ao contrário do que tem feito, Pequim podia isolar Pyongyang neste quadro pré-apocalíptico. A reunificação peninsular diminuiria a presença americana e alargaria o bom momento sino-sul-coreano ao norte, estabilizando a região e mostrando aos vizinhos que a China é determinante numa hora H. Pense nisto, senhor Jinping.
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As Novas Oportunidades davam tanto jeito agora...
Pode ler o meu artigo hoje no Diário Económico.
Mas nunca tinha visto um Ministro a despedir outro Ministro. Neste Governo todos mandam menos o Primeiro-Ministro.
O debate da moção de censura agravou a crise. Nada que ver com os mercados, nada que ver com a possibilidade dum segundo resgate. Mostrou, ainda duma maneira mais evidente do que se julgava, a profunda crise de alternativas em que estamos metidos. No fundo, os medos de ontem confirmaram-se: um governo incompetente, com uma linha completamente errada e a prometer insistir nela, e um PS sem conseguir resolver o seu passado, sem um discurso sobre as origens da crise e a exibir a sua incapacidade de construir uma alternativa.
Claro está, se o Tribunal Constitucional amanhã “ajudar”, o PS terá o pedido de demissão do Governo mais reforçado e ninguém se lembrará da triste figura que fez no Parlamento. A questão é o que depois fazer com a razão que vai apregoar.