A UE deixou de ser um projecto europeu para ser um mecanismo de regulação dos equilíbrios regionais com a preponderância da Alemanha.
A crise da Zona Euro devia ser o mote para preparar politicamente a UE para a restante Europa. A sua maior dimensão não é nem financeira nem económica: é política. Quem olhar para o dia seguinte tem hoje condições para decidir melhor.
Hoje no Diário de Notícias
Para Londres e Paris a solução política esgotou-se, mas para Washington e Moscovo, não. O receio de que as armas cheguem ao círculo da Al-Qaeda leva a que Kerry e Lavrov proponham uma conferencia internacional que coloque na agenda um roteiro de transição que, previsivelmente, inclua gente pró e anti-Assad, um calendário de cessar-fogo e a presença de uma força de "manutenção da paz" sob chapéu da ONU. Será agenda de sucesso? Ninguém sabe. Mais evidente é que Londres, para contornar a ausência de força no centro político e financeiro da UE, quer projetar poder e estatuto pela defesa; e Paris, fiel à posição eurocentral, procura duplamente equilibrar o peso da Alemanha: pela agenda económica (inconsistente) e pelo voluntarismo na segurança (persistente). Há tradições na Europa que se mantêm.
Hoje no Diário de Notícias
Foi o terceiro ataque de Israel no território sírio este ano. Mas a destruição de instalações militares nos arredores de Damasco tinha outro alvo que não Assad: mísseis iranianos fornecidos ao Hezbollah. O ataque não foi à Síria, foi ao Irão por interposta entidade. Na semana em que os EUA vacilam sobre o rumo a dar à guerra civil síria, Israel diz a Teerão e a Beirute que não admite guerras de sombras contra si.
Hoje no Diário de Notícias
Miguel Monjardino escreve neste último Expresso sobre a consolidação da ultrapassagem a Lisboa feita por Washington. Quem fica a ganhar é Espanha. No texto do Miguel há a referência a um dos argumentos centrais no meu livro, "A Cimeira das Lajes", vincando a dinâmica ibérica que esteve por trás de todo esse processo. Mas se há dez anos essa desvalorização de Lisboa foi, de certa maneira, congelada pelo apoio de Barroso à guerra, hoje Portugal parece ter poucos argumentos para cativar a atenção americana. Sugiro um para a próxima década: a costa ocidental africana, os dilemas de segurança do golfo da Guiné, a emergência do Brasil e Angola enquanto valorização do Atlântico Sul no interior da NATO. Quanto mais esta região for relevante para a Aliança (e para a UE), mais argumentos tem Portugal para afirmar a sua relevância, conhecimento e influência. Caso contrário, o fosso para Madrid vai continuar.
E se é assim neste fim de vida, que acontecerá depois do seu desaparecimento? Uma apropriação faciosa do legado? A ruína apressada da memória unificadora? Mandela foi um político extraordinário, cuja vida merece que o país o respeite e se respeite. Zuma, esse, não passará de uma nota no rodapé da história.
Hoje no Diário de Notícias
Hoje no Diário Económico
Por isto a decisão em Washington é tremendamente difícil: seguir o imperativo moral clintoniano influente em muitos sectores democratas (Dennis Ross, Anne Marie Slaughter, Susan Rice) ou manter o rumo Obama: refazer a América em casa (Richard Haass fala disso em Foreign Policy Begins at Home), aplicar recursos e capital político no Pacífico, atuar em conflitos de forma criteriosa (drones) fugindo de longas guerras, permanências caras e resultados desastrosos. Este não é apenas o dilema de Obama: é a dúvida que acompanhará os EUA nos próximos anos.
Hoje no Diário de Notícias
Ontem, no CCB, foi assim. Com muito preto e pouca luz, a nossa maior voz impôs-se com naturalidade no meio das guitarras, sem grandes conversas mas com muita alma. Num certo sentido, Camané é o nosso Johnny Cash.