"O ex-ministro das Finanças Fernando Teixeira dos Santos garantiu este sábado ter informado o seu sucessor, Vítor Gaspar, de 'toda a informação necessária' sobre os contratos swap envolvendo empresas públicas em reunião a 18 de Junho de 2011."
Deviam proibir este gajo de escrever. É uma vergonha para todos os que alinham umas palavras nos jornais. O Ferreira Fernandes é o maior.
Chamam-lhe heartland, o coração da América. Aqui, no Dacota do Sul, ninguém perde um segundo com Obama, o Congresso, a Síria ou a crise da Zona Euro. O território é tão extenso que se consome a si mesmo: toda a política é local, toda a história é estadual, toda a segurança é individual. Este bastião republicano, com culto por armas que nem permite discussão e devoção repartida entre o rodeo e o todo-poderoso, podia ser replicado culturalmente a uma extensa zona central norte-americana, dando conta ao mundo de que os EUA não se definem pelas progressistas regiões costeiras. A polarização política que aqui se vive também é refletida na heterogeneidade geográfica, na multiplicidade cultural e na diversidade social. Haverá, então, uma só cultura americana? Não.
Hoje no Diário de Notícias
Só passou um ano, mas já há recolha de assinaturas a exigir novas presidenciais. A verdade é que Morsi tem sido incapaz de dar corpo a duas orientações fundamentais para este Egito: como polo de inclusão política, capaz de travar a contestação à hegemonia da Irmandade Muçulmana (IM); como líder de um processo de recuperação económica que limite o risco de nova revolta social. Mas o que marca mesmo este ano é a disputa entre políticos e juízes, autêntica fratura de regime que levanta o véu da tensão que perdura entre o mubarakismo e a ascensão da IM. A vitória das suas gentes nas legislativas, nas presidenciais e a hegemonia que detêm no órgão constituinte teve o condão de encontrar no poder judicial o grande contraponto no sistema, na ausência de uma oposição parlamentar e social forte e organizada.
Hoje no Diário de Notícias
É tudo uma questão de perspetiva. Estar no Alasca e olhar para o mundo ajuda-nos a fugir do eurocentrismo analítico. No maior estado dos EUA as regiões nativas têm um sistema de empresas públicas em que os cidadãos são automaticamente seus acionistas, recebendo os dividendos anuais dos proveitos da exploração dos recursos naturais (petróleo, gás, peixe, cobre, etc). Caso uma dessas empresas não tenha recursos para distribuir, as que se dedicam à extração do petróleo passam-lhe um cheque em forma de solidariedade corporativa. No Alasca não há debate sobre impostos porque simplesmente eles não existem. Todos recebem um cheque anual em função dos resultados do fundo petrolífero local. Mesmo assim, permanece uma tensão tremenda com Washington, visto aqui como "colonizador" e "usurpador" e cuja distância todos saúdam efusivamente.
Sábado no Diário de Notícias
O grande problema de Obama é nunca ter conseguido articular uma grande estratégia de política externa, nem ousado qualquer uma mais regionalizada e com especial incidência no grande Médio Oriente. A sua orientação externa é meramente casuística, reativa, fruto das lutas por influência entre o Departamento de Estado, o Pentágono e o senior staff da Casa Branca. Por isso, a "solução americana" para a Síria, seja ela tardia ou prudente, não passa de uma decisão avulsa, sem ter por trás uma ideia concreta para liderar uma iniciativa na região que lide com o extremismo, a democracia e o crescimento económico. Obama é demasiado refém da ditadura do simbólico.
Hoje no Diário de Notícias
Sindicalista Nogueira congratula-se com o elevado número de alunos que não fizeram exame nacional.
O meu artigo no Diário Económico
O debate mais aceso entre candidatos foi dedicado à segurança nacional e política externa. Tentaram desmascarar adversários, recordar percursos, tibiezas, inexperiências. Mas pouco ou nada sobre a Síria, talvez porque esteja a correr bem para o Irão. Assad recupera terreno, Washington não quer envolver-se militarmente e Teerão e Moscovo estreitam laços quando os EUA parecem deixar campo aberto em função da atração asiática. Se há eixo a acompanhar após as presidenciais é o Irão-Rússia, já em marcha no Cáucaso e Ásia Central e assente numa premissa comum: profunda desconfiança e rivalidade com os países sunitas e EUA.
Hoje no Diário de Notícias
De um lado, o presidente da Câmara de Teerão, Qalibaf, mais popular do que Jalili e que pode beneficiar do seu apoio, bem como de Khomeini. Do outro, Rouhani, que aqui referi como possível surpresa há uns artigos atrás, pelo perfil conciliador e próximo dos ex-presidentes Khatami e Rafsanjani. Rouhani surge mesmo à frente nalgumas sondagens, o que pode ser consequência de recentes posições assumidas publicamente e que podem ter despertado a atenção de sectores mais jovens e moderados.
Hoje no Diário de Notícias
A sra. vice presidente do PSD deve ter recordado o seu passado como dirigente do SLB.Na altura fazia equipa com um presidente que também se queixava muito das campanhas contra a sua probidade e boa gestão.
De partida para os EUA outra vez. Via GMF para um mês em grande, com paragens em DC, Alaska, South Dakota, Chicago e NY. No regresso, uma incursão por Ancara, como orador numa conferência no SAM. A pergunta que se impõe é esta: será que vou ter as malas à porta quando chegar? Vou tentar postar aqui sobre a viagem.
Objectivo? Assegurar a posição de primazia económica e militar simultaneamente no Atlântico Norte (onde já é "dono" e senhor) e no Pacífico. O que fica, então, desta competição G2? Exato: a imensidão do Atlântico Sul, onde o Brasil procura reinar sem meios à altura, a China vai fazendo o seu comércio sul-sul e os países lusófonos vão crescendo em estatuto. E Portugal, tem alguma coisa a dizer sobre isto?
Hoje no Diário de Notícias
Leio a resposta de Mia Couto à pergunta "O que pensa do acordo ortográfico?", hoje no ípsilon, e revejo-me totalmente nela:
"Já respondi a essa pergunta tantas vezes que deixei de pensar sobre um assunto que, para mim, é quase um 'não assunto'. Eu acho que perdemos uma oportunidade para debater assuntos que serão talvez mais sérios que o acordo ortográfico. Por exemplo: por que razão ainda nos desconhecemos tanto entre os países de língua portuguesa? O que podia ser feito para incentivar a circulação dos livros e das produções culturais?".
Se a nova conferência sobre a Síria correr tão bem como a última, vamos ter mais uns milhares de mortos, o país em desagregação e a coligação pró-Assad politicamente triunfante. O impulso de Washington e Moscovo, com o patrocínio de Ban Ki-moon, tem tudo para fracassar. A verdade é que não há condições para apresentar resultados. Por duas razões fundamentais.
Hoje no Diário de Notícias
Há uma espécie de putinização de Erdogan em curso, mascarada pela ascensão da Turquia no exterior e pelo crescimento económico da última década. A sua resposta, ao contrário da do Presidente Gul, contribuiu para incendiar ainda mais as praças. Era bom que temperasse o narcisismo, até porque Ancara e Bruxelas vão voltar este mês à mesa do processo de adesão.
Hoje no Diário de Notícias
O Francisco escreveu aqui em baixo o que muita gente no campo ideológico dele (e, já agora, meu) pensa. Grande crónica.
A propósito de coisa nenhuma: começa-me a deixar irritadíssimo ouvir gente desse mesmo quadrante ideológico a dizer exactamente a mesma coisa ou pior, mas sem coragem para o assumir publicamente. Claro está, os rapazes cuja vidita depende do taxito do poder não entram para este número, esses não contam, são aquilo que são. Os que me fazem perder a cabeça são os tipos decentes que não percebem que, ficando calados, colaboram com esta espécie de governo. Com estes infelizes deslumbrados que são duma incompetência e duma falta de preparação assustadora.
O meu artigo no Diário Económico.
Ou seja, ninguém se entende e as incompatibilidades aumentaram. A Síria vive o limbo que separa a escalada do Irão e do Hezzbolah da recuperação política do Ocidente no Médio Oriente. É por isto que vai para além de mais uma queda de um ditador.
Hoje no Diário de Notícias