A quatro meses das eleições, Gordon Brown volta a ser alvo de um ataque no interior do seu partido. Desta vez – e depois de meses a ferver em lume brando gerindo casos pouco dignos protagonizados por membros do governo e da sua bancada –, dois ex-ministros com história no New Labour (Geoff Hoon e Patricia Hewitt) vieram a público sugerir uma votação secreta na bancada parlamentar sobre a continuidade de Brown nesta recta final. Ou seja, o atestado de menoridade a Brown, passado há muito no seu partido, carece de assinaturas para se tornar vinculativo. Por outro lado, a recusa da maioria trabalhista de ceder à tentação, mostra, apesar de tudo, que o sinal político a levar às legislativas continua a ser só um: Brown é o Primeiro-ministro de que a Grã-Bretanha precisa. Será?
Aceitar a proposta de substituição – provavelmente por David Miliband – seria dizer ao eleitorado que os anos de Brown foram um desperdício, um acumular de erros, a demonstração da incapacidade de superação das propostas conservadoras. Para os eleitores, sobretudo os que mais sofrem com a crise, esta mensagem seria um passo para não insistir no voto ao projecto trabalhista.
Chegar à meta eleitoral com um rosto da renovação validaria parte das mais-valias dos conservadores: a liderança jovem de Cameron e Osborne. Só que estes têm um trabalho de casa com mais de quatro anos e uma aprovação nas sondagens praticamente ininterrupta. Neste caso, como em muitos outros na política, a escolha trabalhista seria sempre entre males menores. Já não vale a pena fugir ao óbvio.
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