Após 411 discursos, Obama anunciou o estado e o rumo da América. Nuns longuíssimos 70 minutos, atacou de frente as prioridades: criação de emprego (aproximam-se eleições para o Congresso), aumento das exportações (está em causa a posição internacional dos EUA), entrega da factura social aos grandes bancos (tentativa de moralizar o sistema) e, last but not least, a reforma da saúde.
E é por aqui que este ano de Obama pode ser avaliado, tendo em conta o poder dos democratas no Congresso: a administração não moderou o ímpeto reformista, assustou parte dos americanos e acomodou-se à fortaleza das maiorias. O resultado está à vista: demasiada tensão nas ruas, um debate extremado sobre uma matéria cujo interesse é (ou devia ser) colectivo e uma passada larga dos republicanos no equilíbrio do actual quadro político.
Considerei desde a primeira hora que a maioria democrata no Congresso iria acabar por ser um problema, quer pela sua heterogeneidade, quer pelo papel secundário que caberia aos republicanos. Ora uma administração como esta, que vive em estado de guerra (duas frentes em simultâneo) e enfrenta uma crise incomparável (o maior défice de sempre), iria precisar de consensos para as suas difíceis decisões. Basta ver como Bill Clinton garantiu a sua reeleição (1996) após dois anos de maioria republicana no Congresso. Obama precisa de se recentrar politicamente para numa segunda fase (ou mandato) garantir a margem necessária a um cunho pessoal na história americana.
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