David Petraeus é um senhor general e um enorme académico, duas facetas que fazem dele um personagem ímpar na actual política norte-americana. Interna e externa. Interna, porque é talvez o único nome que promove consensos nas duas Câmaras e entre os dois partidos, e se há matéria onde Obama precisa de encontrar pontes com o GOP, para diminuir os riscos que actualmente enfrenta de perder as eleições para o Congresso, essa é o Afeganistão. Ou seja, todas as decisões mais importantes tomadas no plano internacional que precisem de avultadas verbas e, por isso, da aprovação do Congresso, terão de ser feitas com os sectores republicanos que mais simpatizam com a continuação das frentes afegã e iraquiana.
Externa, porque será sobre um calendário de todo extemporâneo que Petraeus dirá de sua justiça se está com Obama ou se será Obama que deve estar com Petraeus. Por outras palavras, os custos da estratégia de contra-insurreição levada a cabo no último ano no Afeganistão foram de tal dimensão (económicos, militares, políticos) e sem grandes resultados práticos, que só com mais tempo no terreno e um mais amplo apoio no Congresso se pode tentar mascarar a falta de apoio que hoje existe na sociedade americana. Petraeus é, neste momento, a maior tábua de salvação de Obama e será um nome certamente a ter em conta em futuras campanhas eleitorais americanas.