Recentemente, num jantar em Estrasburgo, apercebemo-nos, incrédulos como os comensais dos países bálticos, integrados ainda na União Soviética, tinham percorrido menos quilómetros para ali chegar do que nós. Ficámos a hesitar entre saber se é a Europa que se está a estreitar ou se é a aproximação do Leste que nos distancia de novo.
Em qualquer caso, a distância é um custo e uma separação psicológica que explica, aliás, o soberano isolamento com que algumas vezes desafiámos o mundo. No início do Programa Erasmus, os estudantes portugueses eram os que aproveitavam menos e, em parte, porque sentiam ainda a deslocação para outros países europeus como "emigração". E, no entanto, tratava-se só de frequentar um curso semestral ou anual lá fora.
Francisco Lucas Pires, in "O Que é a Europa", 1994.