Meu caro amigo, concordo em quase tudo contigo, mas o diabo está nos detalhes. Há anos que digo que os políticos deveriam receber o que recebem lá fora. Não no mundo, na vida para lá da política (os que nunca saíram dela devem ganhar o que ganham). Os vencimentos deveriam reproduzir a média dos últimos quatro IRS (uma legislatura). Mas só há uma forma de tudo mudar: um candidato a Presidente, para um segundo mandato, decide abrir o debate, patrocina-o mas desde que a alteração se aplique depois de abandonar a política activa. Agora, a virtude de compreender o tempo implica o que implicou no último Orçamento: Passos Coelho obrigou Sócrates a introduzir um corte salarial nos salários dos políticos, cumprindo o princípio aplicado a quem na função pública ganha mais de 1.500 euros. Tive pena que a medida tivesse que ser tomada porque tive e tenho pena de viver num país em pré-bancarrota. Mas aplaudi-a. General que é general não fica no quartel. Desce à terra e cheira o pó que quem combate cheira. Se nos próximos dois anos o PM vai cortar a torto e a direito para nos meter direitos, o exemplo tem sempre de vir de cima.