Tal como o Pedro (e também como o Francisco), não gosto de censurar os gostos dos outros, cuscar os seus mais íntimos vícios ou saber se eles andam em turística ou em primeira classe. Acho mesmo que esta obsessão vouyeur instalada em Portugal, com o único objectivo de queimar o carácter das pessoas (sem qualquer direito a defesa) e de alimentar capas de jornais, está a minar fatalmente a discussão política.
Ainda assim, é um facto que o sindicalismo em Portugal está há décadas deitado numa confortável espreguiçadeira, sob a sombra de uma bananeira, a fumar um belo Cohiba e a ler uns papéis que dizem sempre a mesma coisa. É degradante e mesmo chocante ver professores sindicalistas que não dão uma aula há 30 anos, operários sindicalistas que nunca sentiram o esforço de trabalhar numa fábrica e cobardes que se organizam em matilhas raivosas (denominadas piquetes) para condicionarem a liberdade daqueles que querem ter o direito a não fazer greve. Muitos destes profissionais do sindicato, na sua absoluta recusa em aceitar a mudança, nunca protegeram os trabalhadores, mas sim os próprios interesses de sobrevivência dos sindicatos e outros interesses instalados que ajudaram o país a falir.
Portanto, com algumas excepções, o movimento sindical português não me merece grande consideração.
Quanto à greve, é obviamente um direito basilar e inalienável de qualquer democracia, mas escusam de a chamar geral. São greves do sector público e pouco mais…e 99% deste “pouco mais” são aqueles que não conseguiram ir trabalhar por causa da greve dos outros.