Sexta-feira, 24 de Agosto de 2012
António Borges foi contratado por um Governo legitimamente eleito. Tem um currículo invejável, para dizer o mínimo, para as funções que exerce. Ontem falou de n privatizações, entre elas a da RTP. A blasfémia não está em AB, mas no que disse: quer acabar com o Canal Caveira (RTP) que, tal como está, é um poço sem fundo. O PS diz que a concessão é inconstitucional porque a constituição diz que o " serviço público tem de ser assegurado pelo Estado". E o que diz a CRP sobre o SNS? Se por ridículo o problema fosse constitucional, o que dizer do Hospital de Cascais que o PS concessionou a privados...
* Título de uma grande manchete do Independente
De Miguel a 25 de Agosto de 2012 às 21:10
Preso ao "ismo" da sua facção o autor deste post comete em poucas frases vários erros de análise e de interpretação política e jurídica. A primeira frase do post, de carácter defensivo, deixa transparecer o seu estado psicológico. Um excelente exemplo de processos instintivos de defesa dos “seus” quando algo não corre bem. Uma reacção visceral, diria. Tenta justificar a presença do “handler” Borges com a legitimidade política do Governo, mas o que está em causa é a falta de accountabillity e fiscalização democrática da acção do dito (é tipo um ministro-ninja). Parece que a presença do Dr. Borges como “ministro na sombra” conflitua com os princípios da fiscalização democrática, e dessa forma o autor necessita de justificar a sua presença etérea invocando um formalismo de certa forma tautológico. “Está lá porque foi contratado pelo Governo em funções e o Governo foi eleito”. Pois… obrigado. Mas isso não valida nem legitima poloticamente as acções do Dr. Borges! O Dr. Borges tem um "currículo invejável" ao serviço de interesses privados, mas não dos interesses públicos. Obviamente continua, apesar de ser pago pelos contribuintes (ao que parece bastante bem pago), a servir diligentemente os primeiros. Após anos de subfinanciamento e consequente endividamento, a RTP está neste momento financeiramente equilibrada e a dar lucro (como foi largamente noticiado embora seja por si convenientemente escamoteado), e dessa forma pode ser um negócio apetecível para os "investidores" amigos do Dr. Borges, eventualmente com sede perto do Canal do Panamá. Com a "renda" da taxa paga por todos na factura da electricidade a “concessão" da RTP torna-se um grande negócio, típico do capitalismo sem risco (crony capitalism) que o Dr. Borges e a restante oligarquia tanto apreciam. Aliás é timbre da restante seita do Goldman que agora se entretem a "governar". Privatizar com "rendas" garantidas para os "investidores". Antigamente este processos eram por si criticados. Agora não. Tudo corre sobre eixos. Ao contrário do maliciosamente afirma, a RTP não é já um “poço sem fundo”. Com a introdução desta expressão o autor presta-se a servir acriticamente (ou quem sabe voluntariamente) de caixa-de-ressonância à intrujice ideológica deste Governo e dos interesses que à volta dele gravitam. Sobre o que diz sobre a CRP (referindo-se implicitamente ao comentário de Arons de Carvalho), só a ignorância e/ou a dificuldade em ler e interpretá-la produto da cegueira superveniente ao facciosismo e desonestidade intelectual que emprega não lhe permite concluir de forma diferente. Se ler o texto do artigo 82, n.º 2 diz lá expressamente "O sector público é constituído pelos meios de produção cujas propriedade e gestão pertencem ao Estado ou a outras entidades públicas". Sublinho propriedade e gestão. Dessa forma a comparação torpe e demagógica que faz com o SNS é apenas mais um sintoma da doença. Fica-me a dúvida: será por ignorância ou sectarismo que escreveu este post? Acha que denegrindo o PS, consegue branquear as asneiras e trapalhadas do actual Governo? As PPP do Dr. Borges e do PSD são virtuosas e boas para o Estado? O que as distingue daquelas feitas pelo PS? A sua oposição ao modelo não era de princípio? Ou apenas se opunha aos anteriores governantes também eles legitimamente eleitos? Espero pelo menos que se sinta compensado por prostituir a sua integridade intelectual, doutra forma é ainda mais lamentável.
Discordamos, o que não tem mal. Agora, uma dúvida: sabe como vai ser concretizada a privatização? Eu ainda não....
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